EUA ampliaram vigilância na web, diz jornal
Objetivo declarado era conter hackers; Washington revela que 4 milhões de servidores tiveram dados roubados
Informações teriam sido capturadas por chineses; país lista guerra cibernética como maior ameaça
Em busca de informações sobre hackers estrangeiros, o governo dos Estados Unidos ampliou, sem alarde, o monitoramento das comunicações pela internet dos americanos, segundo o jornal "The New York Times" e a organização jornalística sem fins lucrativos ProPublica.
A informação, vinda de documentos fornecidos pelo ex-analista da NSA (Agência Nacional de Segurança) Edward Snowden, revela parte da operação de guerra cibernética da gestão Barack Obama, quando os EUA se tornaram alvo mais comum de ataques.
Horas após a divulgação dos documentos, o governo anunciou que os dados de 4 milhões de funcionários públicos foram capturados em um ataque ocorrido no fim de 2014, aparentemente de hackers chineses.
Entre os dados que podem ter sido obtidos do Escritório de Recursos Humanos (OPM, na sigla em inglês), estão informações sobre a alocação de funcionários, avaliações e treinamento.
A agência informou que irá notificar e auxiliar todos os funcionários ou ex-empregados que tiveram informações roubadas.
MEMORANDOS SECRETOS
Segundo o "NYT", o Departamento de Justiça redigiu, em 2012, dois memorandos secretos que permitem à NSA buscar, sem mandado judicial e em solo americano, dados que pudessem ser ligados a ataques cibernéticos de governos estrangeiros.
A agência, no entanto, também buscou dados sobre hackers sem vínculo comprovado com outros países, segundo os documentos revelados nesta quinta (4).
Em abril, o diretor de Inteligência Nacional citou os ataques cibernéticos como o principal desafio dos EUA entre 2013 e 2015, deixando o terrorismo em segundo plano pela primeira vez desde os atentados de 11 de setembro de 2001. À época, relatório da Defesa americana citou ameaças de Rússia e China.
"Não deveria ser uma surpresa que o governo dos Estados Unidos reúna dados de inteligência sobre potências estrangeiras que tentem penetrar redes americanas e roubar informações privadas de cidadãos e empresas", afirmou o porta-voz do diretor de Inteligência Nacional, Brian Hale, ao "NYT".
Na terça (2), Obama sancionou a chamada Freedom Act, lei que restringiu os poderes da NSA de monitorar as ligações telefônicas dos americanos, passando a exigir mandado judicial para fazê-lo.
As buscas por informações de estrangeiros utilizando a infraestrutura de internet dos Estados Unidos, porém, não foi tratada na nova lei.