Ex-líder espanhol vai a Caracas por opositores
Sob críticas de Maduro, Felipe González chega à Venezuela para ajudar políticos presos após atos antigoverno
Ex-premiê reúne-se com parentes de López, Ceballos e Ledezma --principais opositores presos-- e pede diálogo
O ex-primeiro-ministro da Espanha Felipe González desembarcou neste domingo (7) na Venezuela para reforçar a campanha pela libertação de líderes opositores presos.
"Passei sem problema [pela imigração], como qualquer cidadão comum", disse González ao chegar a Caracas, em uma referência a especulações de que poderia ser barrado no aeroporto.
González havia sido declarado "persona non grata" pelo Parlamento, dominado por aliados do presidente Nicolás Maduro, e tem sido alvo de ataques da mídia governista, que o acusa de ingerência.
O ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso cogitou acompanhar González e chegou a se reunir com ele no Brasil, mas acabou não integrando a comitiva. No dia 17, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), lidera uma comissão do Senado rumo a Caracas para avaliar a situação dos opositores
Mesmo permitindo a entrada de González --que foi premiê socialista (1984-1996), mas é crítico do socialismo venezuelano--, autoridades o monitoraram de perto. Em todos os deslocamentos, ele era acompanhado por agentes de inteligência.
REUNIÕES
Advogado de carreira, González passou o domingo em reuniões com parentes de três opositores presos: o líder do partido Vontade Popular, Leopoldo López, o ex-prefeito de San Cristóbal Daniel Ceballos, do mesmo partido, e o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma.
Ao fim do encontro, González disse que a Venezuela "precisa de diálogo".
Enquanto Ledezma está em prisão domiciliar, López e Ceballos seguem detidos há mais de um ano sob a acusação de instigar protestos que resultaram em 43 mortos.
López e Ceballos são apoiados por ONGs, governos e mais de cem ex-chefes de Estado e de governo, que pediram ao papa Francisco que intercedesse junto a Maduro em favor dos presos em encontro marcado para este domingo no Vaticano. No sábado, porém, Maduro cancelou a ida à Santa Sé, alegando estar com gripe e otite.
Na quarta (10), deve ocorrer nova audiência para López. A Justiça diz que González não poderá defendê-lo por não ser habilitado a exercer a advocacia no país.