Atirador branco mata nove fiéis negros em igreja no sul dos EUA
Crime ocorreu na quarta à noite; acusado foi preso nesta quinta, a 400 km do local da chacina
Em rede social, Dylann Roof veste roupa com bandeira do apartheid; Obama ataca facilidade para obter arma de fogo
Um jovem branco de 21 anos matou nove negros que participavam de um estudo da Bíblia na mais antiga igreja para afro-americanos no sul dos EUA, em Charleston, no Estado da Carolina do Sul.
A polícia americana prendeu o suspeito, Dylann Roof, 21, quando ele já estava em Shelby, na vizinha Carolina do Norte, a quase quatro horas do lugar da chacina. Ele tinha passagens pela polícia neste ano, por posse de drogas e invasão de propriedade.
Em foto no Facebook, Roof aparece vestindo moletom com bandeiras da África do Sul na época do apartheid, que discriminava a maioria negra, e da antiga Rodésia (atual Zimbábue). As bandeiras são usadas como símbolo por grupos de "supremacia branca" no sul dos EUA.
Entre as nove vítimas está o reverendo Clementa Pinckney, 41, líder da igreja e senador estadual na Assembleia da Carolina do Sul. As autoridades não divulgaram detalhes sobre os ferimentos das vítimas --a autópsia será realizada nos próximos dias.
Imagens de câmeras de segurança mostram Roof entrando na igreja. Ele ficou por cerca de uma hora no culto antes de tirar e só não matou uma mulher presente, "para que ela contasse o que presenciou", contou a sobrevivente à polícia de Charleston.
O atirador fugiu de carro logo depois. O chefe da polícia local, Greg Mullen, disse que foi um "crime de ódio".
Em pronunciamento na Casa Branca sobre a tragédia, o presidente Barack Obama citou a "sombria história" do país e criticou a facilidade com que armas de fogo são comercializadas nos EUA.
"Pessoas inocentes foram mortas de novo, em parte porque quem quis provocar dano não teve dificuldade em conseguir colocar as mãos em uma arma", afirmou.
"Em algum momento, nós como país teremos que comparar, porque essa violência em massa não acontece em outros países avançados. Não com essa frequência."
Em 2013, após a chacina que matou 20 crianças numa escola em Newtown, Obama enviou ao Congresso projeto de lei para exigir antecedentes criminais na venda de armas. O Senado derrubou a proposta --alguns senadores do partido do presidente, o Democrata, votaram contra.
PRESIDENCIÁVEIS
Com mais de 120 mil habitantes, Charleston é a segunda principal cidade da Carolina do Sul. O Estado abriga uma das primeiras primárias dos EUA --as eleições internas nas quais são escolhidos os candidatos a presidente.
Tanto Hillary Clinton quanto Jeb Bush, presidenciáveis favoritos, tinham eventos na cidade nesta semana. Por isso, Charleston estava lotada de jornalistas políticos.
Hillary fez um comício na quarta (17) e deixou a cidade horas antes da chacina --depois, ela declarou que o país tinha de enfrentar "verdades duras" sobre armas e divisões raciais. Jeb tinha um comício hoje, mas cancelou a viagem.