Autor de ação que levou a decisão vira símbolo da luta homossexual
Introspectivo, Jim Obergefell torna-se 'herói' popular devido à aprovação do casamento gay
Ele foi à Justiça para garantir que apareceria como viúvo em certidão de óbito do marido, que morreu em 2013
"Esta pessoa atingiu o limite de solicitações de amizade e não pode aceitar mais", informa o Facebook.
A popularidade de Jim Obergefell vinha ascendendo desde junho de 2013 e chegou ao ápice nesta sexta (26), quando a Suprema Corte dos EUA decidiu a favor da ação que leva o seu sobrenome.
O processo, intitulado Obergefell vs. Rodges, legalizou o casamento gay em todo o país.
Ativistas e cidadãos comemoraram a vitória com beijos e abraços. Jim fez um discurso e mostrou o retrato do marido, John Arthur, a quem agradeceu pela oportunidade de lutar na vida pelo amor.
VIÚVO
John morreu em 2013, em estágio avançado de esclerose lateral amiotrófica, três meses após se casar com Jim.
O casal quis formalizar a união para que constasse na iminente certidão de óbito o nome de Jim como viúvo de John.
Para isso, Jim, que até então nunca fora ativista, iniciou a batalha que o transformaria no rosto da luta pelos direitos de gays e lésbicas.
Lançou uma vaquinha no Facebook para conseguir fretar um avião e levar John, de cama havia dois anos, de Ohio, onde moravam, para Maryland, onde casamentos gays eram reconhecidos.
Amigos e familiares aderiram e, em poucos dias, com US$ 13 mil arrecadados, os dois embarcaram acompanhados de uma tia de John, Paulette Roberts.
NO AVIÃO
Dentro do avião, estacionado no aeroporto de Baltimore, a tia de John celebraria a união do casal, após 20 anos de relacionamento.
Ao pousarem de volta em Ohio, o esforço não tinha mais efeito legal. O Estado não autorizava a união entre pessoas do mesmo sexo.
Depois da visita de um advogado, o casal resolveu processar o Estado na Suprema Corte. Recebeu uma liminar favorável e, meses depois, John morreu.
Em seu atestado de óbito, Jim foi registrado como viúvo. Um ano depois, porém, um recurso reverteu a decisão, e o casamento com Jim não constava mais no documento. Até esta sexta.
A tia de John contou ao jornal "The New York Times" que seu sobrinho era extrovertido e sociável. Jim sempre foi mais introspectivo e pragmático.
O viúvo contou que admirava a capacidade do marido de se aproximar das pessoas.
ORGULHO
Nesta sexta (26), como disse o presidente Barack Obama, Jim tinha motivos para orgulhar-se, tanto da vitória judicial quanto dos amigos que fez ao longo da luta. Por telefone, Obama disse-lhe que ele é "um exemplo para todas as pessoas".
Pouco após a decisão da Suprema Corte, Jim divulgou uma nota em que afirma que "[a partir de agora] ninguém mais ficará sabendo no momento mais doloroso da vida de casado ""a morte do cônjuge"" que seu casamento legal vai ser desconsiderado pelo Estado".