Jornalistas fazem vigílias pela livre expressão no país
Paralelamente às manifestações, jornalistas e cartunistas equatorianos têm realizado vigílias e encontros pela liberdade de expressão em Quito.
Desde o início da gestão Correa, em 2007, houve pelo menos 270 ações movidas pelo governo contra meios independentes, segundo a Fundamedios, ONG que monitora a liberdade de expressão no país.
Canais de TV e rádios foram expropriados, jornalistas e donos de veículos foram condenados a altas multas e uma pressão sobre anunciantes visa afogar as empresas jornalísticas pela via financeira.
Em 2013, o governo aprovou a Lei Orgânica de Comunicações, que regula e limita concessões e estabelece controle de conteúdo. A Sociedade Interamericana de Imprensa pede a sua revogação.
Nos últimos anos, três jornais, incluindo o "Hoy", que chegou a ser o segundo em tiragem no país, deixaram de circular.
"A pressão está maior, e agora o governo se concentra em ações contra blogueiros e internautas", conta à Folha Roberto Aguilar, ex-jornalista do "Hoy", agora dono do blog "Estado de Propaganda", que já está sendo processado.
Em fevereiro, o criador de uma página de Facebook que levava o nome de "Crudo Ecuador" e se dedicava a montar memes de sátira ao presidente foi levado a fechar sua conta devido a ameaças anônimas, incentivadas por discursos de Correa contra o humorista.
Para o cartunista Bonil, do "El Universo", condenado a corrigir um cartum em 2014, a pressão sobre a mídia cresceu. "E tem crescido também a autocensura nas redações. Por isso as atenções se voltaram ao que se veicula nas redes."
Em contrapartida, o programa de Correa em cadeia nacional tem convocado apoiadores a responder críticas nas redes sociais.