Obama lança ofensiva por apoio para pacto nuclear
Em entrevista, presidente busca aval de Congresso e opinião pública
Oposição precisaria de votos de dois terços do Legislativo para frear decisão de democrata de forma irreversível
Um dia após anunciado o acordo entre seis potências e o Irã para restringir o programa nuclear de Teerã em troca da suspensão gradual das sanções internacionais, o governo Barack Obama começou uma ofensiva para obter a aprovação do pacto no Congresso e conquistar a opinião pública doméstica.
"Minha esperança é que todo mundo no Congresso avalie o acordo baseando-se em fatos, não em politicagem, em lobby", afirmou o presidente dos EUA em entrevista coletiva na Casa Branca nesta quarta (14). "Mas vivemos em Washington. Não aposto no Partido Republicano."
Obama desqualificou as críticas de adversários, que de modo geral consideraram o acordo frouxo, por não apresentarem "alternativa viável" para impedir a fabricação de uma arma nuclear pelo Irã.
O presidente também se referia à oposição do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, que na véspera chamara o acordo de "erro histórico". Israel é alvo de ameaças de Teerã e "deveria sumir do mapa", segundo o líder supremo Ali Khamenei.
Na quarta, Khamenei disse que o acordo era "um passo significativo", mas defendeu "exame cuidadoso". "Alguns membros do P5 +1 [EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha, grupo que assinou o acordo] não são confiáveis."
CETICISMO
Mesmo americanos democratas se disseram "cautelosos". Obama concordou com os motivos que levam ao ceticismo e disse que ele tampouco confia numa mudança de comportamento do Irã.
Mas, sem o acordo, argumentou, aumentam os riscos de haver "mais guerra" no Oriente Médio e uma nova corrida armamentista.
O Congresso deve analisar o texto até setembro, após o recesso do verão setentrional, em agosto. Obama ameaça vetar uma possível decisão contrária ao pacto.
O Legislativo precisaria, então, da maioria de dois terços para reverter um veto, o que exigiria que todos os republicanos mais 44 deputados e 12 senadores democratas votassem contra Obama.
Para evitar esse cenário, o vice-presidente Joe Biden já se reuniu com democratas na quarta para explicar em detalhes o texto, segundo o "Wall Street Journal".
Na véspera, Nicholas Burns, professor de Harvard e número 3 do Departamento de Estado sob George W. Bush, também foi ao Congresso explicar o plano à Comissão de Relações Exteriores.