'Contador de Auschwitz' é condenado a 4 anos
Hoje com 94 anos, Oskar Gröning contava dinheiro roubado de prisioneiros do campo
A Justiça da Alemanha condenou nesta quarta (15) Oskar Gröning, 94, o "contador de Auschwitz", a quatro anos de prisão por cumplicidade no assassinato de 300 mil pessoas, no que pode ter sido o último julgamento de uma figura do nazismo.
Durante o seu julgamento no tribunal da cidade de Lüneburg (norte alemão), o réu admitiu que guardava as malas e contava o dinheiro roubado dos presos recém-chegados ao campo de concentração de Auschwitz (Polônia).
Depois, ouviu em silêncio o veredicto do juiz Franz Kompisch, segundo o qual Gröning decidira fazer parte da "máquina de morte" nazista.
A acusação afirmou que Gröning "ajudou o nazismo a obter benefícios econômicos dos assassinatos em massa", por enviar dinheiro dos prisioneiros a Berlim e, sobretudo, por ter auxiliado na "seleção" ao separar deportados considerados aptos para o trabalho daqueles que seriam imediatamente assassinados.
O caso envolve um episódio em meados de 1944, quando, durante a chamada "Operação Hungria", chegaram ao campo de concentração e extermínio 425 mil judeus húngaros, dos quais pelo menos 300 mil foram executados nas câmaras de gás.
A sentença do tribunal, que decidiu pela condenação a quatro anos de prisão, é um pouco superior à pena de três anos e meio de prisão solicitada pela Promotoria. O réu poderia ser condenado a uma sentença de três a 15 anos.
Gröning, que serviu no campo a partir de 1942, admitiu que desde sua chegada ao local sabia que judeus eram mortos em câmaras de gás.
Em abril, ele reconheceu ser "moralmente cúmplice" do extermínio e pediu perdão aos sobreviventes e familiares das vítimas presentes.
Quase 1,1 milhão de pessoas, incluindo 1 milhão de judeus, morreram de 1940 a 1945 no campo de Auschwitz-Birkenau, libertado pelos soviéticos no fim de 1945.