Irritado com Dilma, Maduro deixa cúpula antes de almoço final
Venezuelano queria participar de reunião entre a brasileira e o presidente da Guiana
A reunião entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Guiana, David Granger, nesta sexta (17), irritou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que foi embora da reunião da cúpula de chefes de Estado do Mercosul antes mesmo do almoço de encerramento do encontro.
Maduro queria participar da reunião com Dilma e Granger. Guiana e Venezuela vivem uma crise diplomática após a descoberta de petróleo no território de Essequibo, na área da fronteira, e o presidente guianense pediu audiência bilateral para que o Brasil ajude na mediação do impasse.
O venezuelano chegou até antes do previsto ao Palácio Itamaraty, em Brasília, para tentar fazer parte da audiência, mas não conseguiu.
O diplomata que acompanhava a comitiva da Venezuela não conseguiu convencer Maduro a cumprir o roteiro, e a chegada antecipada foi inicialmente interpretada como um erro do cerimonial.
Só após a rápida reunião com Granger Dilma foi avisada de que o venezuelano já havia chegado. Foram cinco minutos de espera para que, enfim, ele surgisse por trás da presidente, recebendo calorosos cumprimentos e pedidos de desculpas de Dilma.
Depois de participar da reunião de trabalho e da sessão plenária, porém, Maduro foi embora nervoso, sem participar do almoço final. Na saída, disse a jornalistas que Granger é um "grande provocador" e que "deixou de governar" para criar conflitos.
O Brasil prometeu mediar negociações entre os venezuelanos e os guianenses.
DECRETO
Em maio, Maduro assinou decreto em que definiu unilateralmente a soberania da Venezuela sobre as águas do rio Essequibo, onde as reservas de petróleo haviam sido descobertas semanas antes.
Granger se queixou do decreto: "Fazemos um apelo ao Mercosul para garantir a soberania dos pequenos países do continente. Violações de fronteiras podem resultar em conflitos e deteriorar a integração", disse o presidente.