Após cinco anos, governo palestino solta brasileiro
Islam Hamed, cuja pena expirou em 2013, fez greve de fome por cem dias
Ele foi libertado após assinar termo de responsabilidade sobre sua segurança; mãe diz não ter notícia de Hamed
O palestino-brasileiro Islam Hamed, que estava em greve de fome havia cem dias em uma prisão na Cisjordânia, foi libertado nesta terça (21) pela Autoridade Nacional Palestina após sua família assinar um termo de responsabilidade por sua segurança.
Hamed, 30, estava detido desde 2010, mas sua pena havia expirado em setembro de 2013. Com a greve de fome, o rapaz, que tinha 100 quilos perdeu 30 quilos, segundo sua mãe, Nadia Hamed.
De acordo com as autoridades palestinas, o brasileiro seguia na prisão para não ser detido pelo governo de Israel.
Ele já havia sido preso por Israel aos 17, sob a acusação de arremessar pedras e coquetéis molotov contra soldados, e ficou detido cinco anos.
Após nove meses em liberdade, ele foi preso novamente pelo governo israelense, num caso de "detenção administrativa" –em que uma pessoa pode ter sua pena renovada sem acusação clara.
Em 2010, Hamed foi preso pelos palestinos acusado de comprar armas e atirar contra um colono israelense, segundo o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Al Zeben.
O diplomata, porém, diz que, a partir do fim de sua pena, em 2013, "ele não estava preso". "Estava sob custódia para não correr riscos", disse.
Apesar da libertação, a família de Hamed permanecia apreensiva na madrugada desta quarta (22). Segundo Nadia, o filho não tinha feito contato até a 1h30 de quarta (19h30 de terça em Brasília).
"Não sabemos onde ele está. Ele não veio para cá, e estamos muito preocupados com isso", disse Nadia.
Ela afirmou que a família aguardava um telefonema das autoridades palestinas para buscar Hamed. Quando o pai foi à prisão, à tarde, foi avisado de que ele já fora solto. "Trouxemos só as coisas que estavam com ele: a TV, o ventilador e as roupas."
O Itamaraty informou que o encarregado de negócios do Brasil em Ramallah esteve presente quando Hamed assinou o termo em que dizia estar ciente dos riscos de sua libertação, mas não no momento em que deixou a prisão.
Nadia, que nasceu no Brasil, diz não ter recebido o apoio esperado do governo brasileiro. "Tinham que ter ajudado ele. Protegido contra o que pudesse acontecer. Estou muito magoada."
O Itamaraty diz ter feito gestões com os governos palestino e israelense para Hamed ser solto e repatriado ao Brasil. Em junho, afirmou ter contratado um médico para cuidar de Hamed e conseguido transferí-lo da prisão em Nablus para uma em Ramallah, com melhores condições.
Nadia diz que, com a libertação, "as coisas ficaram mais complicadas". "Ele estava havia mais de cem dias em greve de fome. Queríamos ter levado ele a um médico."