Obama diz que 'poderia ganhar' 3ª eleição
Em crítica a líderes africanos longevos, presidente afirma que teria boas chances se concorresse, 'mas a lei é a lei'
Declaração no plenário da União Africana fazia menção a líder do Burundi, que mudou lei para obter 3º mandato
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, criticou nesta terça-feira (28) os líderes africanos que mudam as leis de seus países para tentar se manter no poder.
"Estou em meu segundo mandato e realmente acho que sou um presidente muito bom. Acho que, se eu concorresse, poderia ganhar. Mas eu não posso!", disse.
No plenário da União Africana, em Adis Abeba, capital da Etiópia, Obama defendeu as liberdades democráticas como um passo para o desenvolvimento africano. Para ele, quando um líder pensa ser o único que pode manter unida sua nação, isso significa que falhou em sua tarefa.
"Ainda há muita coisa que quero fazer para que os Estados Unidos continuem a avançar. Mas a lei é a lei, e ninguém está acima dela."
A declaração foi feita quando ele comentava o caso do presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, que conseguiu seu terceiro mandato após mudar a lei. No país, só era permitida uma reeleição. A insistência de Nkurunziza gerou protestos que deixaram dezenas de mortos.
Em seu discurso, Obama ironizou os dirigentes longevos ao afirmar que espera com paciência o dia em que deixará a Casa Branca.
"Não terei todas essas obrigações de segurança, o que significa que poderei passear, passar o tempo com a minha família, encontrar novas formas de servir ao país e retornar à África", declarou.
PERPETUAÇÃO
Além do Burundi, outros países africanos já alteraram suas leis que limitam o número de mandato para permitir a reeleição indefinida. Os mais longevos são Teodoro Obiang Nguema, da Guiné Equatorial, e José Eduardo dos Santos, de Angola, que governam desde 1979.
No discurso, Obama defendeu ainda a promoção de empregos aos mais jovens para evitar levantes populares, como os ocorridos em países como Egito, Tunísia e Síria na chamada Primavera Árabe.
"Precisamos olhar para o Oriente Médio e o Norte da África para entender que um número grande de jovens sem emprego e com vozes sufocadas pode alimentar instabilidade e desordem." Obama ofereceu ajuda aos países africanos para derrotar o terrorismo de milícias radicais como a nigeriana Boko Haram e a somali Al Shabaab.
O discurso na União Africana foi o último evento da viagem de Obama pela África. Antes da Etiópia, ele esteve no Quênia, país de nascimento de seu pai.