Suposta peça de avião desaparecido será levada à França
Número de série inscrito no fragmento é condizente com Boeing 777 da Malaysia Airlines que sumiu em 2014
Mesmo se confirmado como destroço do voo, objeto não deve bastar para determinar causas da queda da aeronave
Ainda faltam elementos para fechar o quebra-cabeça, mas dá para acreditar que a peça encontrada na ilha francesa de Reunião, no oceano Índico, seja de fato do Boeing 777 da Malaysia Airlines que desapareceu no ano passado.
Um sinal positivo é que a peça é compatível com a aeronave. Trata-se de um flaperon, que fica no meio das asas e ajuda, por exemplo, na sustentação quando o avião está prestes a descer (quando faz as vezes de "flap") e também na inclinação lateral.
No destroço encontrado há a numeração de série "657-BB" –analistas de aviação já descobriram que, no manual de manutenção do 777, o número corresponde exatamente ao de um flaperon.
As peças serão levadas nesta sexta (31) para o escritório do BEA, o órgão francês responsável pela investigação de acidentes aéreos, em Toulouse, para análise detalhada.
Em segundo lugar, uma mala desgastada pelo tempo foi encontrada na mesma ilha nas últimas 24 horas.
Por fim, não há notícia de avião do mesmo modelo desaparecido ou que tenha perdido em voo um flaperon –se uma peça como essa cai de uma aeronave no ar, isso exige registro e investigação de incidente, por se tratar de um controle essencial para o voo.
Por fim, a ilha de Reunião está dentro do alcance do voo MH370, que desapareceu em março de 2014 depois de decolar de Kuala Lumpur rumo a Pequim. O alcance foi calculado a partir do volume de combustível que a aeronave carregava naquele dia.
Mas as buscas, até então, estavam se concentrando em outras áreas, como a costa da Austrália. Elas se baseiam em um modelo matemático de deslocamento de correntes marítimas que indica a probabilidade de deslocamento dos destroços da aeronave.
PISTAS ESSENCIAIS
"A localização é coerente com as análises de deslocamento das equipes da Malásia, que apontavam uma rota do sul do oceano Índico para a África", afirmou o premiê da Malásia, Najib Razak.
As duas peças são pistas essenciais para reconstituir o trajeto feito pelo avião desaparecido e ajudarão a determinar novas áreas de busca.
Ambas foram descobertas por funcionários de uma associação encarregada da limpeza da costa, na praia de Saint-André, em Reunião.
Mas descobrir o que causou a tragédia ainda depende de fatores distantes de ocorrer. A conclusão sobre as causas de um acidente exige recolher o maior número possível de destroços para reconstituir como o avião estava no momento do acidente.
Em um cenário otimista, se tudo isso acontecer, ainda restará ir à caça das caixas-pretas de voz e de dados, que podem ou não estar na mesma área perto de Reunião.
Sem elas, será possível no máximo descartar hipóteses para o desastre –peças em pedaços pequenos indicam explosão, por exemplo; destroços maiores, por outro lado, sugerem que o avião chegou íntegro perto do mar, um indicativo de que possa ter tentado aterrissar.
Investigações de acidentes aéreos passados são bons parâmetros para o desafio por vir: os destroços do voo 447 da Air France, em 2009, foram achados logo nos primeiros dias, mas a caixa-preta só foi resgatada do fundo do Atlântico quase dois anos depois, em abril de 2011.