Pesquisas viram alvo na Argentina a uma semana de primárias
Contestados por políticos, institutos são cobrados por não informar dados e contratantes à Justiça Eleitoral
Pleito em Buenos Aires intensificou críticas; problema é corrupção de alguns pesquisadores, diz diretor de instituto
Faltando menos de uma semana para as primárias em que serão definidos os candidatos que vão concorrer à Presidência argentina, uma chuva de pesquisas chega a público –e os institutos de pesquisa são postos à prova.
Na última quinta (30), a Justiça Eleitoral alertou os institutos para a obrigação de informar dados técnicos e contratantes dos levantamentos. A norma é similar à do Brasil, mas não estava sendo cumprida –só 8 dos 35 institutos registrados informaram os dados à autoridade.
Políticos que se sentiram prejudicados por sondagens recentes puseram em xeque sua honestidade. A crítica se intensificou após a eleição de 19 de julho em Buenos Aires.
As pesquisas apontavam que o PRO de Mauricio Macri, atual chefe de governo da capital, venceria o pleito com mais de dez pontos de vantagem. Mas o segundo colocado, Martin Lousteau, ficou só três pontos atrás do vencedor Rodríguez Larreta, do PRO.
A deputada Elisa Carrió, apoiadora de Lousteau, chegou a dizer que os pesquisadores deveriam ser presos. E o chefe de campanha do candidato propôs projeto para vetar a divulgação de pesquisas nos 15 dias antes da eleição.
"As pesquisas podem influir, mas não manipular a opinião das pessoas", diz o sociólogo Jorge Giacobbe Filho, diretor do instituto Giacobbe y Asociados. "O problema não é perguntar, é mentir."
Segundo ele, a questão a ser coibida é o "nível de corrupção de alguns pesquisadores", que apresentam trabalhos ao gosto do freguês.
"Institutos simpáticos ao governo divulgaram que o então presidente Néstor Kirchner tinha aprovação de 92%. Medimos a popularidade do papa: 88%. Seria Kirchner mais popular?", questiona.
"Isso prejudica os institutos de pesquisa sérios, que são colocados no mesmo saco", acrescenta Giacobbe.
Neste domingo (2), pesquisa do instituto Poliarquía divulgada pelo "La Nación" traz à frente Daniel Scioli, candidato da presidente Cristina Kirchner, com 38% a 41% das intenções de voto.