Opção a acordo com Irã é guerra, diz Obama
Em discurso duro contra críticos do entendimento nuclear, americano nega tibieza e responde a Israel e oposição
Democrata acusa opositores de adotarem mesma mentalidade que levou país à Guerra do Iraque em 2003
"A mesma mentalidade levou a uma guerra [com o Iraque] que fez mais para fortalecer o Irã e isolar os EUA do que qualquer coisa que fizemos depoisbarack obamapresidente dos EUA
A alternativa é a guerra.
Essa, em resumo, foi a mensagem do presidente americano, Barack Obama, ao defender o acordo nuclear com o Irã, em discurso cercado de expectativa feito nesta quarta (5), em Washington.
Foi a resposta mais veemente e direta de Obama aos principais críticos do acordo, a oposição republicana e o governo de Israel. O presidente comparou os críticos do pacto aos que deram aval à invasão do Iraque, em 2002, segundo ele insistindo no erro de recorrer à força antes de esgotar os meios diplomáticos disponíveis.
"A mesma mentalidade, em muitos casos oferecida pelas mesmas pessoas que parecem não ter remorso de estarem repetidamente errados, levou a uma guerra que fez mais para fortalecer o Irã e isolar os EUA do que qualquer coisa que fizemos nas décadas seguintes ou desde então", disse o presidente.
Concluído no último dia 14 de junho após 20 meses de negociações entre o Irã e o grupo de potências conhecido como P5+1 (EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha), o acordo estabelece limites ao programa nuclear de Teerã, a fim de impedir a produção da bomba atômica, em troca da suspensão das sanções econômicas contra a República Islâmica.
Além de repetidas menções ao "erro" que significou a guerra no Iraque, Obama também baseou seu discurso em referências históricas positivas, lembrando esforços diplomáticos pela não proliferação feitos na Guerra Fria por antecessores, do democrata John Kennedy ao republicano Ronald Reagan.
Escolhida pelo simbolismo, a American University, local do discurso, foi a mesma em que Kennedy fez seu pronunciamento a favor de um acordo nuclear com a ex-União Soviética, em 1963.
ISRAEL
Em quase uma hora, Obama rebateu as principais críticas ao acordo com o Irã, a começar pela suspeita de que o regime de inspeções é insuficiente para impedir que Teerã ludibrie o mundo.
"O material nuclear não é algo que pode ser escondido no armário", rebateu. "Se o Irã trapacear, saberemos."
Enquanto o presidente americano usava o seu arsenal retórico para convencer os americanos da importância do acordo nuclear, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, contra-atacava.
Em mensagem às comunidades judaicas dos EUA, Bibi, como é conhecido, disse que o Irã continuará tendo condições de desenvolver a bomba atômica, cumprindo ou não o pacto. Grupos judaicos dos EUA, contra e a favor do acordo, têm travado uma batalha midiática, divulgando argumentos em anúncios em jornais e canais de TV.
Obama fez um apelo ao eleitorado para que pressione deputados e senadores a aprovar o acordo no Congresso. Para o presidente, o que está em risco, caso o pacto seja rejeitado, é "a credibilidade da América como âncora do sistema internacional".
Ele comparou a oposição republicana à linha-dura iraniana que grita "morte à América", por terem como "causa comum" a manutenção do status quo. A diplomacia com o Irã, insistiu, é o único caminho para evitar que os EUA se envolvam em mais um conflito no Oriente Médio.
"Deixemos de meias palavras: a escolha é entre a diplomacia e alguma forma de guerra. Talvez não amanhã. Talvez não em três meses, mas em breve", advertiu.