Ex-presidente Carter vai tratar de câncer no cérebro
Líder americano de 1977 a 1981, ele anunciou nesta quinta (20) começo de radioterapia e diz se sentir bem
O ex-presidente americano Jimmy Carter, 90, anunciou que começará um tratamento de radiação nesta quinta-feira (20), após terem sido detectados tumores cancerígenos em seu cérebro.
"Fizeram uma ressonância magnética e encontraram quatro pontos de melanoma em meu cérebro", afirmou o ex-presidente em entrevista coletiva.
"Receberei meu primeiro tratamento de radiação esta tarde", disse.
Carter, que esteve à frente da Casa Branca entre 1977 e 1981, indicou que é provável que os médicos detectem a presença de câncer em outras partes de seu corpo, além do cérebro.
Ele revelou na semana passada que havia sido diagnosticado com câncer. "Eu estou muito bem. Não tenho dor ou fraqueza", afirmou.
Segundo ele, ao receber o diagnóstico, achou que sua vida havia chegado ao fim, mas disse que acabou se tranquilizando depois.
O irmão do ex-presidente e suas duas irmãs morreram de câncer, assim como seus pais. Em entrevista ao "The New York Times" em 2007, ele refletiu sobre o histórico familiar com resignação.
"Sou profundamente religioso. Sou um fatalista de 82 anos e tive uma vida boa", disse. Em outra entrevista, mais recente, ele contou que todos os membros de sua família fumavam, menos ele.
Apesar da idade avançada, o ex-presidente mantém-se ativo, com frequentes viagens ao exterior, participando das atividades do Centro Carter, dedicado aos direitos humanos. Uma das principais ações da entidade é fiscalizar eleições ao redor do mundo.
O ativismo valeu a Carter o prêmio Nobel da Paz de 2002. Ao justificar a escolha, o comitê afirmou que havia levado em conta "décadas de incansável esforço para encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais".
Ele é um dos quatro ex-presidentes americanos vivos, ao lado de George Bush, Bill Clinton e George W. Bush.
Apesar da ênfase nos direitos humanos e na solução diplomática de conflitos internacionais, sua presidência ficou marcada por eventos negativos, como a recessão econômica nos EUA e a crise dos reféns na embaixada americana em Teerã (1979-1981).
Além do Centro Carter, o ex-presidente também estava envolvido em temas internacionais como membro do grupo "The Elders" (os anciões), ao lado de personalidades como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan e o arcebispo sul-africano Desmond Tutu.
Um dos principais focos do ativismo de Carter é o conflito entre Israel e os palestinos.
Em entrevista à Folha em 2010, ele criticou os EUA pela parcialidade em favor de Israel e aplaudiu a então ambição do governo brasileiro de ter um papel relevante na solução do conflito.