Foco
Ratazanas salvam vidas farejando minas terrestres em países da África e da Ásia
Focinho atento, ele para e arranha o solo por quatro segundos. É o sinal: ali, há resquícios de TNT (trinitrotolueno). Pode ser uma mina terrestre, restos de munição ou uma bomba aérea não detonada –de toda forma, um achado potencialmente perigoso.
O trabalho bem feito é recompensado com carinho e pedacinhos de banana ou amendoim.
Associados geralmente à sujeira, ratos são utilizados há mais de 15 anos pela ONG Apopo para a detecção de minas terrestres. Estima-se que 56 nações tenham hoje parte de seu território minado.
Segundo a Landmine and Cluster Munition Monitor, ao menos 3.308 pessoas morreram devido a essas armas em 2013. A maioria das vítimas era civis (79%) e, dos civis, 46% eram crianças. O número de feridos no mesmo período é de no mínimo 226 mil.
Hoje, a Apopo atua em Angola, Moçambique, Tanzânia e Camboja, tendo também concluído projetos em Laos e Vietnã. Cada rato tem capacidade para esquadrinhar 200 m² em 20 minutos –o trabalho, se feito por um homem, pode levar um dia inteiro para apenas 50 m².
De acordo James Pursey, porta-voz da ONG, o bem-estar dos roedores –apelidados de "herorats" (ratos-heróis)– é uma prioridade. Além de ter direito a descanso após treinamento ou jornadas de trabalho, os animais são aposentados e mantidos quando não podem mais atuar, a partir dos sete ou oito anos de idade.
Segundo a Apopo, a maioria de seus animais morre de velhice –não há registro de nenhuma baixa durante o trabalho de detecção de minas.