Apuração inicial aponta 2º turno na Guatemala
País começa a contagem de votos com 25,5% para o comediante Jimmy Morales
Apesar de clima tranquilo, instituto denunciou deficiências no controle do TSE em centros de votação
Guatemaltecos devem retornar às urnas em 25 de outubro para eleger um novo presidente em segundo turno. Apurações iniciais da votação realizada neste domingo (6) indicaram que nenhum dos candidatos chegaria aos 51% necessários para vencer em primeiro turno.
Até a conclusão desta edição, com 14,7% das urnas apuradas, liderava o comediante Jimmy Morales, do partido de direita Frente de Convergência Nacional, com 25,5% dos votos. Em segundo, o também conservador Manuel Baldizón, do partido Líder, estava com 21,6%. Um pouco atrás, com 19,1%, ficou a ex-primeira dama Sandra Torres, do partido social-democrata UNE.
As eleições foram realizadas depois de uma campanha turbulenta envolta em escândalos de corrupção que culminaram na queda e prisão do ex-presidente Otto Pérez Molina.
Nesse contexto, a população compareceu maciçamente aos colégios eleitorais: em cinco horas de urnas abertas, 51% já haviam votado para um novo presidente, além de 338 prefeitos, 158 deputados e 20 deputados do Parlamento Centroamericano. A divulgação do resultado oficial estava prevista para 1h desta segunda (horário de Brasília).
Os últimos levantamentos de intenção de voto adiantaram a mudança de cenário, com Morales em primeiro. Na semana anterior, Baldizón liderava com folga. Depois que seu nome foi envolvido em investigações de desvio de verba, ele começou a despencar nas pesquisas.
Apesar do clima de tranquilidade nos centros de votação, o Instituto Centroamericano de Estudos Para a Democracia (Demos) da Guatemala denunciou, no mesmo dia, deficiências no controle do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) em centros de votação, com indícios de delitos.
A instituição assegurou que partidos fizeram propaganda eleitoral durante a eleição e que, em alguns centros, os dedos dos eleitores não foram manchados –a medida impediria o voto repetido.
Na Escola Campo Verde, as 18 mesas de votação tiveram filas no período da manhã. "A corrupção não é nova, mas, agora que foi descoberta, as autoridades estão sob observação", disse Mario Porras, 75, que está confiante de que "esta eleição marcará uma mudança no país".
"Quem for eleito deve saber que será fiscalizado por toda a população guatemalteca e, claro, pelo Ministério Público, que investigará quem for preciso", afirmou a procuradora-geral Thelma Aldana, que apurou os esquemas de desvios de verbas aduaneiras, revelado em 16 de abril pela Comissão da ONU contra a Impunidade. Para o analista político Edgar Gutiérrez, o governo que surge destas eleições terá "a mais baixa legitimidade dos últimos 30 anos". "A eleição não detém a crise, vai agravá-la."