Venezuela envia tropas à fronteira com Guiana e realimenta tensão
Caracas reivindica do país vizinho o território do Essequibo
Um dia depois de uma cúpula presidencial que conseguiu reduzir tensões com a Colômbia, o governo venezuelano abriu nova frente de tensão com um país vizinho ao enviar nesta terça-feira (22) milhares de soldados à fronteira com a Guiana, com quem disputa o controle sobre a região do Essequibo.
As manobras militares aparentam ser uma resposta de Caracas à recente ameaça do governo guianês de levar a disputa territorial à Corte Internacional de Justiça por considerar esgotados os esforços de mediação da ONU.
O ministro venezuelano da Defesa, Vladimir Padrino López, disse que a mobilização é um "exercício de deslocamento operacional".
O presidente da Guiana, David Granger, acusou o colega venezuelano, Nicolás Maduro, de "tomar um caminho perigoso em vez de buscar uma solução pacífica".
Granger tratará da disputa em discurso na Assembleia-Geral da ONU, na próxima sexta-feira (25). O argumento guianês é que os limites territoriais foram acertados no tratado de 1899 entre a Venezuela e o Reino Unido, que ocupou a Guiana até 1966. Caracas afirma que o documento foi fraudado.
Adormecida sob Hugo Chávez (1999-2013), a disputa foi reativada por Maduro em maio depois que a Exxon Mobil descobriu petróleo no litoral de Essequibo.
O tema fora posto em segundo plano em agosto, quando Caracas fechou parte de sua fronteira com a Colômbia e deportou ao menos 1.600 colombianos.