Candidatos trocam ataques e aproveitam a falta de governista
Massa pede minuto de silêncio pela ausência de Scioli, que não participa do primeiro debate da história da Argentina
Discussão mais tensa foi sobre segurança; Stolbizer teve postura agressiva, e Massa e Macri trocaram farpas
O primeiro debate presidencial da história da Argentina, na noite de domingo (4) foi marcado pela postura agressiva da candidata Margarita Stolbizer (Progresistas), por ataques diretos entre Mauricio Macri (Cambiemos) e Sergio Massa (UNA) e pela ausência de Daniel Scioli, candidato do governo à sucessão.
A ausência de Scioli foi mencionada várias vezes, e seu tempo foi destinado aos outros candidatos presentes. Massa foi quem usou o espaço com mais originalidade, propondo um momento de silêncio, respeitado pelos demais e aplaudido pela audiência.
A três semanas das eleições do dia 25, Scioli se tornou alvo de vários memes que circularam nas redes sociais, incluindo montagens em que o governista aparecia dormindo ou conversando com Maradona.
A discussão mais acalorada foi sobre segurança.
Massa insistiu no discurso linha-dura, prometendo mais policiamento e menos tolerância à impunidade, além da redução da maioridade penal. Stolbizer retrucou quando ele apresentava seu programa de educação: "Você se contradiz quando fala de educação e defende que menores de 14 anos sejam presos."
A candidata, que mostrou mais segurança em suas exposições, ainda lançou farpas contra Mauricio Macri, que também prometeu mais policiamento.
Enquanto vários canais de TV transmitiam o debate, a emissora estatal preferiu ficar com a transmissão da partida entre River Plate e Independiente. O encontro dos presidenciáveis, porém, teve mais audiência (8,7% contra 8,4%, medição realizada no meio da transmissão).
Macri, segundo colocado na disputa segundo as pesquisas, fez vários ataques ao governo de Cristina Kirchner e a seu candidato. "Se Scioli ganhar, quem vai governar? Cristina, [seu vice Carlos] Zannini ou o La Cámpora [grupo comandado por Máximo Kirchner]?".
O candidato da Frente de Esquerda, Nicolás Del Caño, defendeu a despenalização da maconha e prometeu aborto legal e gratuito, causando repercussão nas redes sociais.
O ex-presidente Adolfo Rodriguez Saá (Compromiso Federal), que esteve temporariamente no poder em 2001 e declarou o calote da dívida, propôs um pacto da oposição contra o governista Scioli.
As perguntas foram feitas em 30 segundos, as respostas tinham um minuto e cada candidato possuía ainda dois minutos para apresentar um resumo sobre os eixos temáticos, sem espaço para tréplicas.
BOXE E ROCK
Ausente, Scioli optou por aparições fora do ambiente político ao longo do fim de semana. Na sexta (2), organizou uma luta de boxe no seu clube Villa La Ñata, na Grande Buenos Aires, e no domingo foi a um festival de rock com bandas locais.
Horas antes, deu uma entrevista na TV local justificando sua falta. "Os debates tomam muitas vezes um tom de agressão, que não condiz com o que as pessoas querem."
Pesquisa do instituto Management & Fit divulgada neste domingo mostra Scioli com 38,6% das intenções de voto, com vantagem sobre seus adversários: Macri (Cambiemos) aparece com 27,9%, e Massa (UNA), com 21,5%.