Mísseis russos atingem Irã, dizem EUA
Segundo funcionários do governo americano, 4 mísseis lançados no mar Cáspio rumo à Síria caíram no norte iraniano
Moscou e Teerã negam informação; secretário de Defesa dos EUA diz que Rússia vai sentir o custo da escalada militar
Pelo menos quatro mísseis de cruzeiro lançados pela Rússia a partir de navios de guerra no mar Cáspio e que deveriam atingir alvos na Síria teriam caído no norte do Irã, disseram, nesta quinta (8), funcionários do governo americano a jornalistas nos EUA.
A informação teria por base imagens de satélite e dados de radares. Moscou e o regime aliado de Teerã logo negaram a informação.
Os americanos não informaram onde exatamente os quatro dos 26 mísseis lançados teriam caído, nem se o incidente deixou vítimas ou destruiu estruturas.
Para chegar à Síria, a partir do mar Cáspio, os mísseis precisam percorrer cerca de 1.500 km, cruzando as regiões norte do Irã e do Iraque.
Os ataques russos a partir de navios de guerra tiveram início na última quarta (7), marcando uma nova fase na escalada do conflito sírio, agravado com o início da ação militar de Moscou dias antes.
O Ministério da Defesa russo respondeu à notícia, dizendo que os quatro mísseis teriam atingido seus alvos no norte e no nordeste da Síria.
"Nós mostramos o lançamento de nossos foguetes e os alvos que eles atingiram", disse o porta-voz do ministério, Igor Konashenkov.
O político iraniano Hamidreza Taraghi, que é próximo ao líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, disse que a informação sobre os mísseis é "totalmente sem sentido".
A agência semioficial Fars afirmou que a notícia faz parte de uma "guerra psicológica" contra a aliança de Moscou e Teerã com o ditador sírio, Bashar al-Assad.
Nas redes sociais, contudo, iranianos relacionaram a queda dos mísseis a uma explosão reportada no noroeste do país. À agência oficial Irna o prefeito de Takab disse que um "objeto voador não identificado" havia caído numa área montanhosa. Integrantes do governo americano disseram ao "The New York Times" que já era esperado algum acidente, já que os mísseis Kalibr NK nunca tinham sido usados em combate.
"Este foi o primeiro teste destes mísseis em condições operacionais", afirmou o funcionário, sob condição de anonimato.
Durante reunião da Otan (aliança militar ocidental) na Bélgica, o secretário de Defesa americano, Ashton Carter, disse que Moscou começará a sentir em breve o custo de escalar militarmente o conflito.
"Eles iniciaram uma ofensiva conjunta por terra com o regime sírio, o que desmontou o argumento de que estão lá para combater o Estado Islâmico", disse Carter, em referência à acusação de que o Kremlin está ajudando Assad a combater rebeldes.
"Isso terá consequências para a própria Rússia, que tem razão de temer ataques contra eles. Nos próximos dias, os russos começarão a sofrer com as baixas na Síria."
O secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, disse na quarta (7) que a aliança está "capacitada e pronta" para enviar tropas à Turquia a fim de protegê-la da ação russa.
No fim de semana, jatos russos invadiram por duas vezes o espaço aéreo turco.