Atentado na Turquia mata ao menos 97
Bombas explodiram em estação de trem da capital, Ancara; primeiro-ministro turco vê indícios de ataque suicida
Explosões ocorrem no início de manifestação contra retomada do conflito entre o governo e os militantes curdos
Pelo menos 97 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em duas explosões simultâneas neste sábado (9) nos arredores da estação central de trem em Ancara, capital turca. O ataque é considerado um dos mais letais da história moderna do país.
As explosões aconteceram por volta das 10h (4h em Brasília), logo no início de uma manifestação batizada de Paz, Trabalho e Democracia, convocada por sindicatos e grupos da sociedade civil.
O ato reunia esquerdistas e grupos de apoio aos curdos –o objetivo, segundo os organizadores, era protestar contra a retomada dos confrontos entre governo turco e militantes que lutam pela independência do Curdistão.
Na tarde de sábado (noite em Ancara), a Associação Médica da Turquia estimou o total de mortos em ao menos 97. A contagem oficial do governo turco era de, ao menos, 95 mortos e 248 feridos.
Até a conclusão desta edição, nenhum grupo assumira a autoria do ataque terrorista. De acordo com o premiê turco, Ahmet Davutoglu, há evidências fortes de que as explosões tenham sido provocadas por homens-bomba.
Davutoglu também sugeriu que rebeldes curdos ou militantes do grupo terrorista EI (Estado Islâmico) possam estar por trás do atentado e decretou três dias de luto.
Em Istambul, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra os atentados.
Líderes mundiais, como a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, condenaram a ação. Em telefonema ao colega turco, Recep Tayyip Erdogan, o presidente Barack Obama ofereceu ajuda na luta contra o terrorismo.
Aliada dos EUA e integrante da Otan, a aliança militar ocidental, a Turquia é também vizinha da Síria, que vive uma guerra civil desde 2011. Estima-se que o país já tenha recebido mais de 2 milhões de refugiados sírios.
Em nota, o Itamaraty manifestou repúdio ao ataque.
CENSURA A IMAGENS
Ainda no sábado, o governo turco confirmou ter imposto um "apagão", que disse ser temporário, em relação às notícias sobre o atentado.
A censura atingiu fotos e vídeos que mostrassem o momento das explosões, vítimas ensanguentadas ou qualquer imagem que pudesse aumentar o clima de pânico no país.
Cidadãos relataram ter dificuldades para acessar redes sociais no sábado. Não estava claro, porém, se houve bloqueio oficial aos sites.