Hillary é apontada vencedora do debate, mas Sanders se destaca
Para analistas, ex-chanceler teve melhor performance; rival à esquerda brilha em redes sociais
Apesar de desempenho positivo, pré-candidata pode sofrer revés se Joe Biden, vice de Obama, decidir entrar no páreo
Com um desempenho bem avaliado e a ausência de contrapontos mais agressivos, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton foi considerada vencedora no debate de terça (13) entre pré-candidatos democratas à Casa Branca.
Uma pesquisa do site especializado Politico mostrou que 79% dos analistas democratas e 54% dos republicanos consideraram seu desempenho o melhor.
Foram ouvidos estrategistas e ativistas nos Estados de Iowa, New Hampshire, Carolina do Sul e Nevada, importantes para a definição da eleição porque mudam de preferência a cada pleito.
O segundo colocado na corrida democrata, o senador Bernie Sanders, foi declarado vencedor por 8% deles.
O desempenho de Sanders, contudo, foi bem avaliado em enquetes on-line como a realizada pela rede de TV Fox News com eleitores da Flórida, outro Estado crucial. Nas redes sociais, ele também foi aclamado, especialmente entre eleitores jovens, mais afeitos a seus ideais socialistas.
É ponto para Sanders, que, neste momento, precisa se tornar mais conhecido e deixar de ser visto como radical. Sua performance foi considerada coerente com o que o senador quer imprimir: ele não ataca opositores, mas ideias.
Embora tenha sido criticado por sua reação aos ataques de Hillary a suas mudanças de opinião sobre o controle de armas, em geral o saldo foi positivo. "Ele não estava falando com outros candidatos ou com o mediador. Ele estava falando com o resto de nós", escreveu o comentarista Colin McEnroe, simpático ao candidato, no site "Salon".
"Quando você está menos interessado em ganhar e mais em dizer o que pensa, fica na mão da sorte. Mas como foi refrescante ouvir alguém dizer verdades", escreveu.
ADVERSÁRIO AUSENTE
A atitude pouco belicosa de Sanders aliada à ausência do vice-presidente Joe Biden, que ainda não decidiu se lançará sua pré-candidatura, ajudaram a vitória de Hillary.
"Ela foi brilhante e fez exatamente o que tinha que fazer, mostrou às pessoas por que é a favorita", afirma a analista Elaine Kamarck, que atuou na campanha e no governo de seu marido, o ex-presidente Bill Clinton.
Quando abordada a polêmica sobre o uso de uma conta de e-mail pessoal enquanto Hillary era secretária de Estado, Sanders disse que "os americanos não aguentam mais" esse assunto. Hillary sorriu e agradeceu com um aperto de mão.
"Parece que ela pode conseguir superar a polêmica. Nesse caso, não há mais motivo para Biden entrar na disputa", diz Kamarck, hoje professora na Universidade Harvard. "E ele tem muito pouco tempo para decidir."
A mesma pesquisa do Politico afirmou que 62% dos democratas acham que o vice-presidente não deve concorrer, ante 38% que se dizem favoráveis à ideia. Na Carolina do Sul, porém, 75% querem ver Biden, pré-candidato em 2008, na disputa.
As expectativas sobre Hillary eram baixas, já que a ex-secretária de Estado tem sido alvo de ataques e está em trajetória de queda nas pesquisas desde julho, embora lidere as intenções de voto.
Na média de pesquisas elaborada pelo site Real Clear Politics, ela tem 43,3%; Sanders, 25,1%, e Biden, 17,4%.