Painel do Leitor
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Liberdade de expressão
Cada religião rejeita, demoniza e, quando pode, persegue as demais e os que contrariam as verdades que valem só para seus fiéis. Por outro lado, a liberdade de crítica à religião é constitutiva do mundo moderno, secularizado, princípios elementares que Aloisio de Toledo Cesar, o novo secretário da Justiça de Alckmin, parece desconhecer. O secretário rejeita o movimento "Eu sou Charlie" pela liberdade de expressão ("Secretário de Justiça de Alckmin critica jornal 'Charlie Hebdo'", "Poder", 19/1) e assim se alinha ao papa Francisco, que apenas cumpre seu dever como chefe religioso na defesa de sua instituição.
REGINALDO PRANDI, sociólogo (São Paulo, SP)
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O novo secretário de Justiça de São Paulo resolveu atacar a liberdade de expressão e, para mostrar sua solidariedade aos muçulmanos, declarou "Eu também sou Maomé". Será que ele tem noção do que esse tipo de comparação representa para quem professa a religião islâmica?
FRANCISCO MORENO CARVALHO (São Paulo, SP)
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Os textos de Williams Gonçalves ("Resposta a Demétrio Magnoli", folha.com/no1575784, 17/1) e Arlene Clemesha ("A opção pela convivência", Tendências/Debates, 16/1) são um contraponto à presença dos "chiens de garde" da direita. Demétrio Magnoli e Reinaldo Azevedo não expressa o chamado pluralismo da Folha, mas, sim, um profundo desrespeito aos leitores ponderados do jornal. Ou a intenção é contemplar uma minoria de raivosos leitores de direita?
CAIO N. DE TOLEDO, (Campinas, SP)
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Alguma coisa não se encaixa nos argumentos provindos de qualquer posição política ou perspectiva jornalística sobre o "Charlie Hebdo". Talvez essa falha decorra da difícil tarefa de dizer se somos mesmo culturamente "ocidentais". A impressão que fica é que queremos falar em nome de uma civilização que não nos vê como seus integrantes. É sintomático que a teoria social brasileira desapareça do cenário nesses momentos. Como se pudéssemos pensar com uma cabeça que nos teria sido emprestada.
MARCELO SILVA SOUZA, professor (São Vicente, SP)
Energia elétrica
No editorial "Choque de realidade" ("Opinião", 19/1), a Folha usa a palavra certa para o aumento da conta de luz, que pode chegar a 40% neste ano: tarifaço. É justo que a população, na sua maioria com orçamentos domésticos apertados, tenha em um serviço fundamental um reajuste de preço seis vezes maior que a inflação e que o reajuste de salários? O rombo causado por Dilma no setor deve chegar a R$ 100 bilhões. Que tal reajustar a conta em ano recessivo com índices normalmente usados pelo setor, consolidar as dívidas provocadas pela aventura da modicidade tarifária irresponsável (para pagamento a médio e longo prazo), anular toda a legislação decorrente da MP 579 e desenhar um novo modelo para o setor?
JOSÉ ANÍBAL, deputado federal (Brasília, DF)
Execução na Indonésia
O traficante é um dos piores criminosos que existem: destrói famílias e geralmente fica impune por trabalhar à sorrelfa. Têm de existir leis mais severas contra ele, e é preciso fazer com que sejam cumpridas para desestimular esse tipo de delito. Podemos ser contra a pena capital no Brasil, mas devemos lutar para que nenhum caso fique impune e, acima de tudo, respeitar as leis e a cultura de outros países.
ALVARO BATISTA CAMILO, vereador e ex-comandante-geral da PM (São Paulo, SP)
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Devemos respeitar a lei de outros países. Mas onde está o respeito à vida, à oportunidade de corrigir seu erro? Para punir um ato criminoso, é mesmo preciso cometer um ato bárbaro?
MARCIO GOMES DOS REIS, (Belém, PA)
Oriente Médio
Saly Greige, libanesa, e Doron Matalon, israelense, conseguiram protagonizar uma imagem que ficará na história do concurso de Miss Universo e na do Oriente Médio: uma selfie que mostra as duas lado a lado, sorridentes, como se seus países não fossem inimigos ("Países em conflito", "Mundo", 19.01). Que possamos ter um mundo sem guerras, onde o desenvolvimento possa rimar com liberdade.
MAURO ALEXANDRE PEREIRA DE ALMEIDA (Rolândia, PR)
Educação
O artigo de Samuel Pessôa ("As crianças mais inteligentes do mundo", "Mercado", 18/01) precisa ser lido tendo em vista algumas relativizações. A primeira delas é que o trabalho de Amanda Ripley não é um trabalho científico, mas, sim, jornalístico. Pensá-lo como elemento para formulação de políticas públicas de educação seria uma irresponsabilidade. Segundo, tomar como indicador de qualidade em educação o elevado desempenho no PISA é algo bastante reducionista e, por fim, o sistema finlandês a que Samuel Pessôa e Ripley reconhecem como bons sistemas é a antítese do que o autor professa como uma boa educação, à medida que a Finlândia não faz uso de testes padronizados com seus alunos até que concluam o equivalente ao ensino médio brasileiro.
ZARA FIGUEIREDO TRIPODI (Belo Horizonte, MG)
Forte de Copacabana
O sr. Carlos Heitor Cony ("Os canhões de Copacabana", "Opinião", 18/1) resolveu investir contra o Forte de Copacabana. Seus argumentos ocos mal conseguem disfarçar sua insopitável aversão aos militares. É bom lembrar que os canhões e as fortalezas se constituem num testemunho vivo da nossa história.
ANÁPIO GOMES FILHO, general reformado (Rio de Janeiro, RJ)
Crise do futebol
Cumprimento Mariliz Pereira Jorge pela coluna "Mais jogo, menos flashes" ("Esporte", 17/1). Ainda por um bom tempo, assistiremos a um futebol medíocre, com altos salários a jogadores e técnicos. Concomitantemente, aumentam a idolatria, a presença na mídia e fotos no Instagram. Gostaria de errar.
JOSÉ ORLANDO DE SIQUEIRA (Passos, MG)