Painel do Leitor
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Falta de água
Como foi dito no editorial "A urgência do rodízio" ("Opinião", 1º/2), já passou da hora de o governo estadual apresentar meios concretos para conseguirmos passar por mais um ano de estiagem que se aproxima. Foi-se o tempo em que as águas de março fechavam o verão. Enquanto nada é feito, a única saída que temos é evitar o desperdício.
ADILSON APARECIDO ALVES (São Paulo, SP)
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Se o governador Geraldo Alckmin pretende continuar existindo como homem público depois que a água acabar, é melhor ele se despir do manto da arrogância cínica que tudo nega e se preparar para, humildemente, pedir desculpas aos paulistas. Com o pedido de desculpas pelos enormes transtornos e prejuízos, seria bom que o governador cortasse a zero os bônus e dividendos da Sabesp. Agindo assim, quem sabe no futuro, ele consiga se eleger vereador em Pindamonhangaba, sua cidade natal.
MÁRIO BARILÁ FILHO (São Paulo, SP)
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Com essa falta de água, seria bom lembrar do novo Código Florestal, aprovado com esforço dos ruralistas, que, entre outras coisas, previu a redução das matas ciliares. Eles ficam com o lucro e o resto do país com a seca.
CARLOS BRISOLA MARCONDES (Florianópolis, SC)
Escândalo da Petrobras
Os executivos presos na Operação Lava Jato farão um enorme bem à democracia se denunciarem os envolvidos no esquema do petrolão. Não devem pagar sozinhos pelos crimes, enquanto os chefões ficam usufruindo do dinheiro da corrupção. Se tiverem políticos participantes dessas maracutaias, devem ser punidos.
REINNER CARLOS DE OLIVEIRA, funcionário público (Araçatuba, SP)
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O governo federal está tratando a Petrobras como um paciente do SUS. Consultas atrasadas, avaliações superficiais, exames não autorizados e remédios paliativos. A "doença" continua se alastrando e contaminando a vida do pobre paciente.
CARLOS GASPAR (São Paulo, SP)
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No artigo "O voto político do ministro José Jorge" (Tendências/Debates, 30/1), José Sergio Gabrielli defendeu que a aquisição da refinaria de Pasadena (EUA) foi um bom negócio, apresentando dados e fatos para comprovar sua assertiva. Se verdadeiros ou não, é outra história. Pelo que se vê neste Painel do Leitor, seus críticos, no entanto, não apresentam um único dado concreto para contestá-lo. Limitam-se a repetir generalidades do tipo: Incompetência, malabarismo retórico, péssimo negócio etc. A Folha, ao acolher tais discursos vazios, também incentiva essas abordagens medíocres.
ADEMAR G. FEITEIRO, advogado (São Paulo, SP)
Terceirização
O projeto que propõe a regulação da terceirização de serviços é um acinte. Trará prejuízos às conquistas históricas do movimento sindical. A legislação contribuirá para a precarização e semiescravidão de trabalhadores.
PAULO SÉRGIO CORDEIRO SANTOS, advogado (Curitiba, PR)
Eleição no Congresso
Ao assistir pela televisão a posse dos deputados federais e dos senadores desta nova legislatura, constata-se o crescente número de parentes de figuras carimbadas da política nacional, oriundos de todos os Estados da Federação. Falamos em mudanças, mas continuamos mandando para Brasília filhos, mulheres, netos e irmãos de políticos tradicionais. Assim, referendamos o carreirismo --e depois ficamos cobrando mudanças.
LUIZ THADEU NUNES E SILVA (São Luís, MA)
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O fato de parlamentares que são ministros terem se licenciado para votar nas eleições mostra que os Poderes Executivo e Legislativo são, no fundo, a mesma coisa --com o primeiro influindo livremente no segundo. Aí, há duas fraudes: uma, o parlamentar manda seus eleitores às favas e, em vez de legislar, vai para o governo e abre vaga para alguém que não obteve votação expressiva ou para o suplente, no caso dos senadores; a segunda, cidadãos privilegiados transitarem simultaneamente no governo e no Congresso, deixando claro que não existe a independência dos Poderes e que o eleitor está sendo miseravelmente enganado.
ROBERTO DOGLIA AZAMBUJA (Brasília, DF)
Educação e cidadania
Quero parabenizar Oded Grajew pelo artigo "Constituição desrespeitada" (Tendências/Debates, 1º/2). Só acrescento que deveriam ensinar sem que a matéria sobre cidadania seja considerada um aborrecimento. No meu tempo tínhamos aulas de educação moral e cívica. A matéria era chatíssima, mas aprendíamos hinos e noções básicas dos três Poderes, das nossas obrigações cívicas e, especialmente, de voto --o que deveria ser um direito. Agora, ruim mesmo, era ter que desfilar no 7 de Setembro para as autoridades da cidade. Um porre que jamais esquecerei!
HELENA DE ALMEIDA PRADO BASTOS (São Paulo, SP)
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Foi perfeito o artigo de Oded Grajew. Ser cidadão é um papel social que pode --e deve-- ser aprendido. A escola pode ter uma importante participação no desenvolvimento dessa consciência. Preparar alunos para que eles conheçam seus direitos e deveres ajudará a promover os princípios éticos e a cidadania, que tanta falta fazem ao nosso país nos tempos atuais.
LILIAN KOTUJANSKY FORTE (São Paulo, SP)
Violência policial
A Vila Madalena se preparava para receber blocos de Carnaval. Um forte policiamento chegou às ruas pela manhã. Um rapaz negro passa correndo pelos policiais e é agarrado pela camiseta. Ele está com o uniforme dos feirantes, a feira está a três passos dele e do grupo de policiais. É evidente que se ausentara e agora voltava ao trabalho. O policial militar compreende e o solta. Ele lhe dá as costas com um gesto de indignação. Por esse gesto, ele é pego novamente, conduzido até um poste com a mão do policial em seu pescoço, os outros policiais avançam na direção do feirante. O sinal abre e eu avanço triste, impotente e indignada.
MARIA LÚCIA KELLER, professora e tradutora (São Paulo, SP)