Painel do Leitor
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Petrolão
Identifico dois aspectos na crise. Há a "gatunagem" ("Reino do 'nonsense'", "Poder", 5/2), e dela decorrem não apenas os prejuízos objetivos dos desvios, mas a contaminação da gestão corporativa por nomeações políticas em cargos que exigem alto nível de qualificação e dedicação. E há a "gestão ideológica", que faz da empresa um instrumento de política voltado a um projeto de poder, como explicitado na decisão de abandonar as obras das refinarias do Maranhão e do Ceará. Uma empresa dessa magnitude, por ser controlada pelo Poder Executivo e submetida aos seus desígnios, tem condições objetivas de se manter a salvo dessas armadilhas? Creio que a privatização deva ser discutida.
LUIZ ROBERTO NUMA DE OLIVEIRA (Sumarezinho, SP)
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A coluna de Janio de Freitas causa espanto. O descalabro na Petrobras já havia sido percebido há muito tempo. Entre maio de 2008 e dezembro de 2013 (mais de três meses antes do início da Lava Jato), as ações haviam caído de R$ 52 para R$ 17, uma perda brutal, de mais de 2/3, no valor da empresa, e não sem razão. O custo de Abreu de Lima já era notório, assim como o prejuízo causado pelo controle dos preços da gasolina e o custo enorme de empréstimos que a empresa vinha sendo obrigada a contrair devido ao modelo de exploração do pré-sal, imposto pelo governo. O petrolão é apenas a face criminosa do caos que se instalou a partir da gestão temerária e politizada que os governos recentes impuseram à empresa.
RENATO PEDROSA (Campinas, SP)
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Quando a presidente Dilma Rousseff tomou posse na Presidência da República, a Petrobras valia 50% mais do que o Bradesco e o Itaú somados. Hoje vale menos que cada um deles, segundo a opinião de Ricardo Amorim. Nestes últimos 12 anos, o PT conseguiu destruir grande parte do patrimônio da nossa maior companhia estatal, que era o nosso destaque mundial. E tudo isso ocorrido sob os olhares complacentes dos nossos poderes constituídos da nação, hábeis apenas para reivindicar salários exorbitantes aos seus membros.
BENONE AUGUSTO DE PAIVA (São Paulo, SP)
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Já que a Folha adotou o termo "petrolão", por que não adota "trensalão" para dar notícias do megaescândalo do metrô/CPTM dos governos tucanos de SP?
DAGMAR ZIBAS (São Paulo, SP)
Gilmar Mendes
Na esteira do artigo de Conrado Hübner Mendes ("O dono da bola", Tendências/Debates, 3/2), acerca da atuação de Gilmar Mendes, lembro que o ministro deveria declarar-se impedido nas ações que visam ao ressarcimento de perdas acarretadas pelos planos econômicos, já que sua esposa, Guiomar Feitosa, trabalha no escritório de Sergio Bermudes, advogado do Bradesco na ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental) que a Consif (Confederação Nacional do Sistema Financeiro) move perante o Supremo para fazer valer a posição dos bancos.
JOSÉ RONALDO CURI, advogado (São Paulo, SP)
Crise da água
A represa de Guarapiranga é a única esperança que São Paulo tem para sobreviver minimamente ao outono e inverno. O Cantareira está fadado a secar completamente em junho ou julho. Uma vez que a Sabesp disponibiliza os dados diários dos reservatórios, não entendo por que tanta indecisão no Palácio dos Bandeirantes.
RODRIGO DE FILIPPO, (Rio de Janeiro, RJ)
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Ao contrário do publicado na reportagem "Escolas de São Paulo vetam até escova de dente para economizar água" ("Cotidiano", 4/2), as 13 Diretorias Regionais de Educação não orientaram suas unidades para que as crianças não fizessem higiene bucal nas escolas. As providências para enfrentar a crise neste momento contemplam uso racional da água, manutenção da rede hidráulica de unidades com problemas e reforço nas orientações aos alunos quanto ao consumo consciente dos recursos naturais.
AVELINO ALVES, assessor de comunicação da Secretaria Municipal de Educação (São Paulo, SP)
RESPOSTA DA JORNALISTA THAIS BILENKY - A reportagem não diz que a iniciativa partiu das Diretorias de Educação. Informa que, sem nenhum tipo de orientação superior para enfrentar a crise, diretores de diferentes escolas adotaram medidas extremas para cumprir a ordem municipal para reduzir em 20% o consumo de água.
Grafite
Ótimo e lúcido artigo de Rogério Gentile ("O prefeito grafiteiro", "Opinião", 5/1). O prefeito rotular seus críticos de "elite conservadora" é a melhor desculpa para desviar a atenção da falta de estudo, de análises e, muitas vezes, do retrabalho em muitos dos projetos que faz (como as ciclofaixas e os grafites nos "arcos do Jânio").
OTÁVIO DE FREITAS (São Paulo, SP)
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Reiteramos que a intervenção de grafite nos muros de arrimo dos arcos da rua Jandaia ("arcos do Jânio") foi aprovada pelo órgão colegiado do Conpresp, que tem representação da sociedade civil. Em vistoria recente, a equipe técnica constatou que as paredes estavam impermeabilizadas desde a restauração feita em 1987. Portanto o grafite não poderia piorar a situação. Antes disso, as paredes estavam pichadas, o que contribuía para a degradação do conjunto tombado. A estrutura de arcos de tijolos aparentes, que é original e importante, está mantida e deverá ser restaurada.
NADIA SOMEKH, presidente do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp)
Ensino público
Começamos o ano letivo com o problema cada vez maior da superlotação das salas de aula, supostamente devido ao grande número de novas matrículas. Amontoar alunos em menos salas tem sido a solução para a falta de professores, pois assim todos tem aula. É ingênuo imaginar que é possível ensinar ou aprender em ambiente superlotado. Claro que não se pode negar a matrícula. Entretanto é necessário dar as mínimas condições para haver qualidade nos estudos. No fim de 2014, com o corte de verbas, escolas ficaram sem alguns mantimentos básicos, como papel higiênico e copos.
RENAN GUSTAVO BELONI FREITAS, professor de física no ensino médio estadual (Indaiatuba, SP)