Renato Andrade
Vai piorar
BRASÍLIA - Entre as diversas adaptações da chamada Lei de Murphy, uma delas diz que "nada é tão ruim que não possa piorar". Ao que tudo indica, o governo Dilma Rousseff será a próxima vítima dessa teoria.
As primeiras reações à "lista de Janot" reforçam a tese. A coleção de tombos acumulados pelo governo neste início de ano é digna de nota.
Foi atropelado nas eleições do Congresso, tem um articulador político ignorado por aqueles com quem precisa conversar e não consegue convencer nem mesmo os petistas a apoiarem o pacote de ações para reequilibrar as contas públicas
Para fechar, assistiu o presidente do Senado devolver, menos de uma semana depois de enviada, uma das medidas do arrocho 2015.
Isso tudo aconteceu antes de o ministro Teori Zavascki oficializar as investigações contra 34 congressistas, incluindo gente do calibre político de Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Romero Jucá, que acumulam no currículo uma invejável capacidade de sobreviver às piores intemperes. Com a lista na rua, as coisas tendem a piorar. E muito.
O Planalto precisa aprovar muita coisa no Congresso e derrubar outras tantas. Já estava difícil antes. Agora, a tarefa se aproxima do impossível.
Renan e Cunha, por desespero ou acesso à informação desconhecida do público, insistem que o Planalto está por trás do pedido de investigação aberto contra eles no Supremo.
Os peemedebistas respondem por tudo aquilo que é votado na Câmara e no Senado. Mesmo quando estão de bem com a vida, o Planalto não pode contar 100% com a benevolência da dupla. Imagine com os dois espumando de raiva?
Joaquim Levy e sua turma tentaram vender na semana passada que a parte do pacote que precisa de aval do Congresso não é tão relevante assim. Bobagem. Para quem precisa de R$ 100 bilhões entre corte de despesas e aumento de receita, todo trocado é bem-vindo. O que dizer de quase R$ 23 bilhões.