Painel do leitor
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Manifestações
Ainda bem que temos a análise lúcida de Elio Gaspari ("Encrencas da leviandade megalômana", "Poder", 22/3), para contrapor o maniqueísmo de Vladimir Safatle: "houve quem comparasse depreciativamente o dia 15 com a Marcha da Família de 1964". O último parágrafo merece ser guardado para o futuro.
Miguel Ângelo Rodeguero (São Paulo, SP)
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Ao tratar da polêmica sobre a contagem de participantes da manifestação do último dia 15, a coluna da ombudsman da Folha ("O ronco das multidões", "Poder", 22/3) omitiu, lamentavelmente, os argumentos da PM que confirmavam a contagem de 1 milhão de pessoas presentes ao ato. A coluna teve acesso a uma explanação sobre o método de aferição, além de receber 15 das várias imagens que serviram de base para o cálculo. A articulista poderia, inclusive, ter utilizado as fotografias aéreas para que os leitores pudessem tirar suas próprias conclusões em face da grande concentração de pessoas na avenida Paulista e transversais.
Lucas Tavares, diretor da assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (São Paulo, SP)
RESPOSTA DA OMBUDSMAN - A coluna obteve as respostas dos especialistas na sexta à noite, quando já não era mais possível ouvir a PM ou o Datafolha sobre as ressalvas às metodologias. A articulista não "omitiu os argumentos da PM": não foram publicados argumentos de nenhum lado.
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Janio de Freitas ("Começar mais uma vez", "Poder", 22/3) voltou em alto estilo, abordando visões que a imprensa e a maioria dos colunistas não valoriza, como a hipocrisia da oposição em fazer oposição. Só não entendi quando, ao elogiar a postura dos militares da ativa, afirma que "o homem das casernas tornou-se o exemplo de civilização e civilidade, ao lado da degradação paisana." Será que entre a "degradação paisana" ele inclui a corrupção já comprovada de políticos governistas?
Antônio José Grimaldi (Salvador, BA)
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Com mensalão, petrolão, crise no governo e escândalos no Congresso, o chargista da Folha regride a 1964 ("Opinião", 23/3), para revidar os desmandos atuais. Quanta criatividade!
Antonio Ortona Filho (São Paulo, SP)
Petrolão
Por que será que não me surpreendo em ver o nome de José Dirceu novamente envolvido em falcatruas abrangendo altas somas de dinheiro público ("Pagamentos a Dirceu eram propina, dizem empreiteiras", "Poder", 22/3)?
Luiz Nusbaum, médico (São Paulo, SP)
Corrupção
A política não faz ninguém mais ou menos corrupto, os políticos é que estão mais expostos. Essa enxurrada de crimes de corrupção só vêm à tona graças à democracia em que vivemos. A sociedade precisa mudar suas atitudes. Então, façamos uma reflexão diária sobre as nossas ações.
José Eduardo Amantini, prefeito (Itapuí, SP)
Geração mimada
A reportagem "Faculdade faz até reunião de pais contra 'geração mimada'" ("Cotidiano", 22/3), demonstra o quanto as instituições família e escola reforçam cada vez mais a falta de autonomia e maturidade nos jovens recém-ingressos no ensino superior. Os filhos das famílias mais abastadas terão mais chances de exercer atividades de comando no mercado de trabalho, mas, por terem cerceadas a autonomia e maturidade pelas famílias, muitos desses jovens cidadãos serão inseguros, incapazes de tomar decisões sozinhos. Tais características só serão adquiridas com experiência própria, enfrentando dificuldades, não com extrema proteção.
Walter J. Garib (São Paulo, SP)
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Autonomia e segurança são aspectos desenvolvidos ao longo do crescimento. Também fiquei com medo de fazer minha inscrição na faculdade, mas lembro-me perfeitamente da minha mãe dizendo "não há mistério e será ridículo eu ir lá de mãozinha dada com você. Qualquer coisa você pergunta, quem tem boca vai a Roma!". Talvez esta seja a questão: os jovens de hoje vão a Roma, mas ir à faculdade é outra coisa. Será que é mesmo?
Marilia Zendron, (São Paulo, SP)
Fies
Elio Gaspari acusa o ex-ministro Haddad ("Encrencas da leviandade megalômana", "Poder", 22/3) de criar um sistema em que um estudante que tirasse zero em redação poderia conseguir o Fies. Errado. Até 2010, o Enem nunca fora exigido para se ter acesso ao programa. Passou a ser obrigatório justamente para que a partir daí pudesse ser exigida nota mínima de acesso. Além disso, a concessão apenas a estudantes de cursos aprovados pelo Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) também foi adotada na gestão Haddad. E o então ministro baixou os juros pois não é justo que empresários os tenham subsidiados, e estudantes sem acesso à universidade pública, não. Haddad ainda criou um fundo garantidor com recursos de instituições privadas para permitir que o jovem pobre sem fiador pudesse ter acesso ao programa.
Nunzio Briguglio Filho, secretário de comunicação da prefeitura (São Paulo, SP)
Poesia
A poesia tem espaço minúsculo na mídia, e os parcos poetas que tem espaço não ajudam a mudar isso. Abrir a Folha domingo de manhã e ler o Ferreira Gullar falar de política ("Se correr o bicho pega", "Ilustrada", 22/3) dá um desânimo"¦ O jornal já se dedica ao assunto, com jornalistas bem gabaritados. Não muda muito na coluna de Fabrício Corsaletti, na revista sãopaulo. Quando o poeta não tem nenhum assunto pescado nos botecos sujos, coloca umas quadrinhas, fraquinhas. Há tanto a se falar da poesia atual, tanta produção interessante a ser discutida, tantos editores lançando novos autores. Não é possível que esse pessoal não tenha assunto sobre poesia para falar.
José Luis de Paula Queiroz, poeta (São Paulo, SP)