Painel do leitor
A seção recebe mensagens por e-mail (leitor@uol.com.br), fax (0/xx/11/3223-1644) e correio (al. Barão de Limeira, 425, São Paulo, CEP 01202-900). A Folha se reserva o direito de publicar trechos.
-
Greve dos professores
Sobre a manchete de 13/6 ("Derrotados, professores de SP põem fim à greve"), entendo que a sua imagem especular, que seria "Vencedor, governo de SP põe fim ao futuro de várias gerações de paulistas", terá profundas repercussões históricas.
Benedito H. Machado, professor universitário (Ribeirão Preto, SP)
-
Derrotados somos todos nós, não os professores que terminaram uma greve sem que qualquer mudança substancial tenha ocorrido nos salários dos docentes e na Educação em São Paulo. É lastimável que uma categoria tão importante fique parada por três meses e ninguém cobre responsabilidade das partes envolvidas. O Brasil precisa federalizar a carreira do magistério público e assumir que só seremos uma pátria educadora de verdade se investirmos nos salários dos professores.
José Clóvis de Medeiros Lima (São Paulo, SP)
-
A manchete não reflete o que foi a greve. Não saímos derrotados. Decidimos suspender a greve, uma forma de luta, mas não o movimento. Continuamos lutando pela nossa pauta de reivindicações e imediatamente construiremos uma mobilização com outros segmentos sociais pela valorização do magistério, justa reposição de aulas para estudantes e professores e pela melhoria da qualidade do ensino público, interesse de toda a sociedade. A derrota é do governo estadual, cuja função é realizar as aspirações da sociedade, mas que vem se mostrando incapaz de fazê-lo pois está preocupado em tentar derrotar o sindicato e os professores. Certamente pagará um preço alto por essa postura.
Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente da Apeoesp - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)
-
Depois de exaustiva luta pelo aumento de salário em tempo de inflação, o que pensar agora da ação educadora de professores mal pagos, que se sentem derrotados --insatisfeitos é eufemismo-- por um governo insensível às suas necessidades básicas e às necessidades das crianças e jovens do país?
Celina Monteiro, professora aposentada (São Paulo, SP)
Biografias
Você conquista fama e riqueza como empresário, artista, desportista, político ou seja lá o que for. Eu pesquiso sua vida e publico sua biografia --ao meu jeito-- e faturo alto, afinal, você é sinônimo de sucesso. Em nome da "liberdade de expressão", não lhe pedirei que me autorize, nem lhe concederei parte dos lucros. E se eu escrever inverdades, ou verdades que o incomodem, basta você me processar. A curiosa democracia brasileira é isso.
Gil Cordeiro Dias Ferreira, administrador (Rio de Janeiro, RJ)
Cristofobia
O projeto de lei que busca tipificar como crime hediondo a "cristofobia", que um grupo de deputados quer colocar em votação, não tem nada de novo: por diversas vezes a humanidade já passou por períodos semelhantes. O mais famoso deles foi a Inquisição.
Alexandre Santos Gonçalves (São Paulo, SP)
Maioridade penal
A grita para a redução da maioridade penal é proporcional à nossa incapacidade como sociedade de cuidar das nossas crianças. A cada vez que reduzirmos a maioridade penal, ficará mais evidente e pesado o nosso fracasso social. Todos os jovens que cometem atos delinquentes são consequências da marginalização dos adultos e da omissão da sociedade no processo educacional. A prevalecer o descaso presente com a educação infantil, daqui a alguns anos estaremos gritando pela maioridade penal, quiçá, a partir do berçário.
Ângela Luiza S. Bonacci (Pindamonhangaba, SP)
-
Não deveríamos ter idades definidas para o crime. Veja o exemplo dos monstros do Piauí ("Meninas do Piauí", "Cotidiano", 13/6). No mínimo deveriam mofar numa cadeia.
Osmar G. Loureiro (Cravinhos, SP)
-
A maioridade penal hoje é vista por muitos apenas pelo seu viés jurídico. No entanto, segundo estudos neuropsicólogicos, sabe-se atualmente que, aos 16 anos, o indivíduo é pouco apto a desenvolver o lado racional em detrimento do emocional, não sendo plenamente apto a formar decisões baseadas na racionalidade. Aumentar a duração de anos que o jovem deve permanecer na Fundação Casa para desenvolver-se e atingir a maturidade seria uma alternativa muito mais eficaz para o jovem completar suas etapas de desenvolvimento e adquirir consciência.
Maria Beatriz de Souza (Botucatu, SP)
-
O que os governantes e homens do Judiciário devem fazer não é diminuir a maioridade penal, mas sim aumentar o investimento em educação, em segurança pública e, principalmente, mudar completamente o sistema de ressocialização nas penitenciárias.
Walter Lemos Filho, palestrante motivacional (Florianópolis, SC)
-
Reduzir a maioridade penal não visa a eliminar a violência, só diminuí-la, o que já é bom. Um grande conjunto de medidas de ordens diversas, bem elaborado e executado, só traria resultados após gerações --tal o ponto a que chegou a violência no país. Não se muda cultura, mentalidade, valores e condições de vida da noite para o dia. Ter os jovens em escolas de qualidade por oito horas diárias seria um sonho.
Eunice Marino (Guaxupé, MG)