Painel do Leitor
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Controle da mídia
É preocupante a falta de reação dos setores democráticos diante da ofensiva conservadora. Depois de a bancada evangélica usar o plenário da Câmara como templo, assistimos a um deputado militar presidir uma sessão de farda e defender a ditadura militar ("Deputado que defende regime militar preside sessão da Câmara", "Poder", 17/6). Nesse contexto, lemos artigo do ex-deputado Regis de Oliveira em que compara a proposta do PT de regulação da mídia com as ideias de Hitler ("O PT e o controle da mídia", Tendências/ Debates, 18/6). Se o deputado tivesse um mínimo de honestidade intelectual, saberia que a pauta é a regulação econômica da mídia, o que nada tem a ver com controle dos conteúdos.
CARLOS GUELLER (São Paulo, SP)
O professor Regis de Oliveira está certo. Melhor o estrago feito por jornalistas mal-intencionados do que o amordaçamento. Democracia pressupõe imprensa livre. Aos que ainda se incomodam com essa ideia, deixo uma frase do saudoso Millôr Fernandes: "Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados".
GILBERTO ASSAD (São Paulo, SP)
Só a má-fé poderia ligar o nazismo à regulação econômica da mídia brasileira, pretendida não só pelo PT mas também por grande parte do povo brasileiro, entre os quais me incluo. Jamais se pretende cercear a liberdade de imprensa ou a liberdade de expressão. Ao contrário, o que se pretende é incentivar a diversidade de opiniões. Por tratar-se de um jurista, é evidente que o autor do texto não desconhece o mandamento contido no parágrafo 5º do artigo 220 da Constituição, que diz ser proibido o monopólio ou oligopólio dos meios de comunicação social.
INÊS BUSCHEL, aposentada (São Paulo, SP)
Poderíamos traduzir de forma mais didática e resumida o que significa a obsessão do PT por enquadrar a mídia. O PT, na figura do lulo-petismo, desde sempre quer controlar a imprensa (em português claro: instituir uma rigorosa censura). Prova disso? Não perdem nenhuma oportunidade sequer de culpar a "mídia burguesa" ou "os barões da mídia" pelo esfacelamento da legenda em meio ao público. A sobrevivência do lulo-petismo, a esta altura, não seria possível com a imprensa livre.
MORRIS ABADI (São Paulo, SP)
Evangélicos
A televisão brasileira é objetiva e clara. O pai da família de evangélicos na novela "Babilônia" é um prefeito que toda hora evoca o "Altíssimo", mas, na política, é um corrupto de primeira linha e, na privacidade do lar, um adúltero, acobertado pela própria mãe. Por que denegrir a imagem dos evangélicos? São os parlamentares evangélicos que impedem o avanço de projetos contrários à família, como aborto, ideologia de gênero, lei da mordaça e quejandos abjetos.
EDSON LUIZ SAMPEL, professor da faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, da Arquidiocese de São Paulo (São Paulo, SP)
Maioridade penal
Em atenção à carta do leitor Oswaldo Marques (Painel do Leitor, 18/6), informamos que o governador Geraldo Alckmin defende o aumento das penas máximas de 3 para 8 anos para menores que cometem crimes hediondos, medida que tem como principal objetivo combater a sensação de impunidade para quem mata, estupra ou sequestra. Além disso, Alckmin também articula há anos penas mais rigorosas para quem usa menores para cometer crimes. O governador tem sido uma das vozes mais atuantes nos últimos anos nessa questão, contribuindo para tornar possível o debate atual do tema no Congresso Nacional e em sintonia com o desejo da expressiva maioria da sociedade.
CAUÊ MACRIS, líder do governo na Assembleia Legislativa (São Paulo, SP)
USP
Excelente o editorial "University of São Paulo" ("Opinião", 18/6). A iniciativa da USP de ministrar aulas em inglês é acertada, pois abre suas portas ao mundo. Em Madri, com aulas majoritariamente em inglês e espanhol, temos mais de uma centena de nacionalidades em nosso campus, e o número proporcional de estrangeiros é enorme. Essa diversidade traz benefícios comprovados para todos, como atestam os rankings internacionais de universidades e escolas de negócios.
DANIELA MENDEZ diretora da IE University (Madri) no Brasil (São Paulo, SP)
Ciclovias
A Folha publicou três reportagens profundamente tendenciosas e depreciativas sobre a mobilidade por bicicletas em São Paulo ("Com obra em reta final, ciclovia da Paulista vai 'espremer' pedestre"; "Carros vão perder faixa e ganhar semáforo"; "Em ladeira, 29 ciclistas passam em uma hora", "Cotidiano", 14/6). A Ciclocidade foi procurada pela reportagem para contrapor os argumentos dos engenheiros, mas o jornal optou por não incluir a opinião dos ciclistas e de especialistas em mobilidade por bicicletas, contemplando apenas a visão estreita e limitada dos engenheiros ouvidos. Isso mostra que o jornal não se interessa por dar voz aos principais beneficiados pela obra e que faz uso de reportagens limitadas, desagregadoras e tendenciosas.
DANIEL GUTH, diretor de Participação da Ciclocidade - Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (São Paulo, SP)
Politicamente correto
O senso comum modificado está atingindo o seu ápice. Uma ministra francesa sugeriu a proibição de uma sobremesa italiana porque um dos ingredientes pode estar desfalcando o meio ambiente ("Ministra francesa pede 'mil desculpas' após defender boicote à Nutella", http://folha.com/no1644444, 18/6). Percebeu o ridículo e se retirou de cena. Aqui, se eu fumar um cigarro comum no parque em frente à minha casa, serei olhado com reticências. Há uma área de ginástica para pessoas de terceira idade, além de crianças brincando e tomando sol. Mas uma turma curte tranquilamente seu baseado sem ser importunada. Viva o politicamente correto.
MARCO ANTONIO ESTEVES BALBI (Rio de Janeiro, RJ)