Painel do Leitor
A seção recebe mensagens por e-mail (leitor@uol.com.br), fax (0/xx/11/3223-1644) e correio (al. Barão de Limeira, 425, São Paulo, CEP 01202-900). A Folha se reserva o direito de publicar trechos.
Petrolão
O ministro Aloizio Mercadante é inteligente. Espero que entenda que grande parcela dos cidadãos brasileiros também o são suficientemente para saber que as doações da UTC foram, no mínimo, suspeitas de criminosas ("Políticos citados dizem que doações foram declaradas", "Poder", 27/6). Qual razão levaria Ricardo Pessoa a ser tão generoso com meio milhão de reais? Amizade? Por ser militante do PT? Por alinhamento ideológico com o projeto do partido? Sabemos que as respostas são "não". Está evidente que, para o PT, o fim justifica os meios.
OTMAR MÜLLER (Criciúma, SC)
Renato de Mello Jorge Silveira consegue ser vazio e incoerente ao mesmo tempo em que tergiversa em "O ilegítimo e o ilegal" (Tendências/ Debates, 28/6). Alega ilegitimidade na Lava Jato, mas nunca diz explicitamente a razão de tal ilegitimidade. Diz que a investigação pressupõe "erroneamente" que os donos das empreiteiras deviam vigiar suas empresas. Gostaria de saber se o digno professor não vigia atentamente o próprio patrimônio, como eu e qualquer pessoa sensata faz. Essa ardente defesa do PT, implícita, indica que pretende seguir os passos de Dias Toffoli no STF por indicação petista na próxima vacância?
EDVALDO SILVA DE ALLMEIDA JR. (Curitiba, PR)
Muito interessante a distinção entre ilegal e ilegítimo. Concordo plenamente que é importante levar em conta os princípios no julgamento das ações penais de qualquer natureza. Causa espanto, por isso, que agentes públicos flagrados em receptação de dinheiro, qualquer que seja a quantia, aleguem que as doações foram legais. Serão legítimas? Não estou formulando um julgamento. Este cabe ao terceiro poder da República, o Judiciário. Qualquer tentativa de esvaziar o processo também me parece ilegítima.
MARIA APARECIDA MEZZALIRA GOMES (Jundiaí, SP)
O advogado Bandeira de Mello não estava nos seus melhores dias quando deu entrevista à Folha ("Prisões são usadas para coagir, diz jurista", "Poder", 29/6) e disse uma barbaridade destas: "Se você viveu numa favela, sua condição de vida é uma. Se você está acostumado a um mínimo de privacidade e o colocam numa cela que só tem um buraco, você está sendo torturado". Quer dizer: se o cara é empreiteiro e surrupia dinheiro do povo, paga "pixuleco", não pode ser preso. Agora se for favelado...Lembro que os "pixulecos" poderiam amenizar a situação de muitas favelas, hospitais, escolas etc.
JOSÉ RONALDO CURI, advogado (São Paulo, SP)
Folhinha
Nunca subestimem uma criança ("Sempre subestimam as crianças", "Folhinha", 27/6)! A estrutura foi ótima: introdução que chama a atenção, desenvolvimento com retomadas de ideias, coesão, coerência e uma conclusão que conversa com o texto e explica o título. Técnicas que parecem complexas quando se fala em redação para vestibular, mas tão naturais para esse garoto.
DÉBORA TIEMI TAKESHITA (Sao Paulo, SP)
Belo Monte
Sobre a coluna "Belo Monte de atraso" ("Saúde+ciência", 28/6), informo que a Norte Energia investiu R$ 3,092 bilhões nas condicionantes das obras da usina. A própria coluna constata que Altamira tinha "zero saneamento", mas "agora há 220 km de tubulações [...], 170 km para distribuição de água". A empresa fará, com a prefeitura, a ligação das casas. "Atraso": o sítio da usina que gerará 97% da capacidade instalada iniciará no prazo (março/2016). Da Lava Jato, só ilações: conforme o juiz Sergio Moro, os depoimentos do delator foram vagos, "sem discriminar possíveis beneficiários das propinas ou de operadores".
JORGE HERBERTH, gerente de Comunicação da Norte Energia (Altamira, PA)
Bioantropologia
Alguns pontos que faltaram ser mencionados em "Sob risco de extinção" ("Ciência+saúde", 27/6): 1 - O ingresso de docentes na USP se dá por meio de concurso público. Mesmo que um concurso seja aberto na área de antropologia evolutiva, nada garante que seja contratado um docente com perfil para dar continuidade aos trabalhos do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos (LEEH). 2 - De fato, o departamento no momento já conta com três outros docentes que atuam na área de evolução humana. Nada garante que um deles possa dar continuidade aos trabalhos LEEH. Portanto, não há nada que o chefe de departamento possa fazer.
LUIS E. S. NETTO, chefe do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da USP (São Paulo, SP)
Macunaíma
Parabéns à Folha pela iniciativa da reportagem sobre Macunaíma ("Macunaíma de quatro", "Serafina", 28/6). Levantou a discussão sobre o livro na mesa do almoço de família, cada um lembrando o prazer ou a tortura que foi ler o livro em diferentes épocas da vida, e guardamos o exemplar para dois dos netos que prestarão vestibular no ano que vem. Que iniciativas como essa, aprofundadas e didáticas, que estimulam a leitura de livros e a cultura em geral, sejam mais frequentes do que as reportagens de "diz-que-me-diz", que enchem as páginas de vento e são esquecidas no dia seguinte, no jornal do dia a dia.
MARTA PEREIRA BERNARDES, advogada (São Paulo, SP)
Cristiano Araújo
Uma decepção a Folha publicar o artigo de Fabio Victor sobre a morte de Cristiano Araújo ("Amor rasgado e fãs on-line explicam Cristiano", "Ilustrada", 26/6). "Cristiano quem? A pergunta ecoou por Redações e, hmm, digamos, círculos urbanos esclarecidos Brasil afora." Sou a favor da liberdade de expressão, mas essa publicação é um retrocesso no trabalho da Folha. Sou formada em jornalismo e filosofia e leio jornais diariamente. Tenho instrução e hábitos de leitura acima da média brasileira e, pasmem, ouço sertanejo. Bom ou mau gosto? Não importa. O que importa, aqui, é a decepção com a falta de conhecimento desse jornalista e do jornal que lhe cedeu espaço.
EMÍLIA ZAMPIERI (Vinhedo, SP)