Marco Aurélio Canônico
De volta ao bangue-bangue
RIO DE JANEIRO - O retrocesso na segurança pública que o governo do Rio tenta negar voltou a se mostrar com clareza no episódio da morte do traficante Celso Pinheiro Pimenta.
Conhecido como Playboy, o criminoso mais procurado do Rio foi morto pela polícia no sábado (8) numa das áreas que comandava, o morro da Pedreira, em Costa Barros –local em que a "polícia pacificadora" ainda não chegou.
Não que as UPPs tenham hoje grande efeito inibidor sobre os criminosos: segundo as informações divulgadas, Playboy foi morto quando estava prestes a invadir o Complexo da Maré para retomar território perdido para outras facções.
Encravada entre as principais vias de acesso ao Rio –e no caminho por onde passam todos os que desembarcam no Galeão–, a Maré foi ocupada pelo Exército até junho.
Desde então, a PM assumiu a tarefa, com o objetivo de instalar UPPs. Paralelamente, o Comando Vermelho, o Terceiro Comando e milicianos ocupam pedaços do complexo.
Uma guerra do tráfico de grandes proporções, como a que se desenha com os planos expansionistas da ADA –a facção de Playboy–, é uma desgraça como o Rio não vê desde os anos 1990.
Completando o cenário sombrio, os comparsas do traficante impuseram luto na Pedreira e arredores; nesta segunda (10), incapazes de garantir a segurança, governo e prefeitura fecharam as escolas da região, deixando milhares de alunos sem aula.
Áudios em que os bandidos ameaçam matar PMs em retaliação também não tardaram a aparecer.
Por fim, em outro sinal de que a cidade está voltando ao tempo da infame "gratificação faroeste", quando os PMs ganhavam bônus por matar criminosos, a família de Playboy diz que ele foi executado após se render –a polícia nega e afirma que ele resistiu armado. Tudo remete a um Rio de triste lembrança.