Sem aval de auditoria, estatal adia divulgação de balanço
Petrobras disse que precisa aprofundar apurações de denúncias de corrupção
Em outubro, a PwC exigiu mais apurações sobre as suspeitas e ameaçou não assinar a contabilidade
Preocupada com o envolvimento de ex-diretores da Petrobras em denúncias de corrupção envolvendo a estatal, a auditoria PwC (PricewaterhouseCoopers) não deu aval às demonstrações financeiras da companhia, que decidiu, então, adiar a divulgação de seu balanço do terceiro trimestre, previsto inicialmente para esta sexta-feira (14).
Em comunicado ao mercado nesta quinta, a Petrobras afirmou ser necessário aprofundar as investigações e reconheceu que, caso confirmadas as denúncias, poderá ter que fazer ajustes em suas informações patrimoniais. Disse, ainda, que avalia melhorar seus controles internos.
No texto, a estatal afirma passar por "momento único em sua história"e, por isso, diz não estar pronta para publicar seu balanço contábil.
A Petrobras reconhece que nem no novo dia previsto para divulgar o documento, 12 de dezembro, terá o aval da PwC. Promete, porém, trazer informações "refletindo sua situação patrimonial à luz dos fatos conhecidos" até a data.
A PwC apresentou à estatal, em 16 de outubro, uma carta em que manifestava preocupação com o envolvimento de executivos com o suposto esquema de corrupção na empresa revelado pelas investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Na ocasião, os auditores também questionaram o suposto envolvimento do então presidente da Transpetro, Sérgio Machado. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos delatores da Lava Jato, afirmou ter recebido R$ 500 mil de Machado, que rechaça a acusação.
A PwC afirmou, na época, que, se a Petrobras não tomasse providências, não auditaria o balanço do terceiro trimestre e citou lei americana que lhe dá tal direito em caso de "dúvida quanto à confiabilidade" das informações.
A pressão da empresa de auditoria resultou no afastamento de Machado e na contratação, pela Petrobras, de dois escritórios para ajudar nas investigações. Isso não foi suficiente, porém, para fazer a PwC assinar o balanço.
A apresentação de balanços auditados é uma exigência da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para empresas que negociam títulos e ações no mercado de capitais.
A norma da CVM estabelece o prazo de 45 dias após o fim do trimestre para que a companhia divulgue as informações financeiras do período e prevê multa de R$ 500 por dia caso o prazo não seja cumprido. A estatal já havia adiado a divulgação de suas demonstrações contábeis em fevereiro de 2014 e de 2010, mas, nas duas situações, não chegou a estourar o prazo limite e, portanto, não foi multada.
Nesta sexta-feira (14), os dez conselheiros da Petrobras se reuniriam, por meio de teleconferência entre São Paulo, Rio e Brasília, para analisar as finanças da empresa.
O tema balanço foi retirado da pauta, tendo sobrado as discussões sobre o andamento dos trabalhos das comissões internas de apuração da Petrobras, entre elas as que investigam as denúncias da Lava Jato e das obras da refinaria de Abreu e Lima.
Procurada, a PwC disse que, por questões de confidencialidade, não pode comentar casos de clientes.