Alckmin e Aécio adotam táticas distintas para 2018
Mineiro promete uma oposição aguerrida; paulista manterá relação respeitosa
Disputa entre os dois tucanos pela vaga de candidato a presidente será discreta e só deve se acirrar após 2016
Os dois homens que vão disputar internamente a vaga de presidenciável do PSDB em 2018 lançarão mão de perfis e estratégias diferentes para tomar a dianteira na sigla.
A disputa será discreta e só deverá se acirrar após 2016. Até lá, ambos trabalharão juntos, mas desempenhando papeis distintos. Uma amostra desse percurso será dada nesta sexta-feira (14), quando o senador Aécio Neves (MG) e o governador Geraldo Alckmin (SP) se encontrarão publicamente pela primeira vez desde o fim da eleição.
Aécio, que disputou e perdeu a corrida pelo Planalto neste ano, virá a São Paulo para "agradecer" os votos que recebeu no Estado (64% dos eleitores paulistas optaram por ele).
O convite foi feito por Alckmin, que estrela situação inversa. Reeleito com facilidade no primeiro turno, o tucano é o anfitrião do Estado mais longevo para o seu partido --com ele, o PSDB chegará a 24 anos no poder.
Aécio, que descansou apenas sete dias desde a derrota, ainda não tirou o figurino de candidato ao Planalto.
Desde o fim da disputa, vive uma espécie de terceiro turno permanente. "Esse governo já começa com um certo sabor de final de festa. No Congresso, a percepção que se tem é que quem ganhou fomos nós. O PT está envergonhado pela campanha torpe que fez", disse, por exemplo, nesta quinta (13), em entrevista à rádio Jovem Pan.
O mineiro promete fazer a oposição mais aguerrida que o PT já enfrentou desde que chegou à Presidência, em 2003. "Será a oposição mais qualificada que qualquer governo já enfrentou no Brasil. Uma oposição profundamente conectada com a sociedade. O brasileiro não aguenta mais. Ele acordou", concluiu.
Esse é o roteiro que seus aliados pregam: crítica aberta ao governo nas pautas que já lhe renderam frutos durante a disputa, como combate à corrupção, além de viagens pelo país, especialmente no Nordeste, para ampliar seu índice de conhecimento e divulgar duas propostas na região em que teve a menor votação.
Caberá a Alckmin, de perfil historicamente mais moderado, o que tem sido chamado em seu entorno de "oposição diplomática".
Ele manterá uma relação respeitosa com Dilma, para não enfraquecer projetos de parceria entre a União e o Estado, mas trabalhará para liderar o bloco de governadores de seu partido, tornando-se uma espécie de "porta-voz" da frente tucana.
Aliados esperam ainda uma postura mais "nacionalizada" e "otimista". Um integrante do governo avalia, por exemplo, que ao criticar o pessimismo com o país Alckmin já mira a eleição presidencial. Para esse aliado, o paulista mostrou que "quem quer comandar o Brasil não fala contra o próprio país".