Escândalo na Petrobras
Investigação interna culpa Gabrielli por perdas de Pasadena
Sindicância concluiu que ex-presidente da empresa participou de irregularidades na compra da refinaria
Cerveró e Costa também foram responsabilizados por negócio que gerou prejuízo de US$ 792 mi
Investigações internas realizadas pela Petrobras concluíram que o ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli participou das irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). O negócio trouxe prejuízos à empresa de US$ 792 milhões, segundo o TCU (Tribunal de Contas da União).
A Folha apurou que, nesta sexta (14), conselheiros de administração da empresa debruçaram-se sobre relatórios produzidos por comissões internas criadas para apurar irregularidades nas obras das refinarias de Abreu e Lima e Comperj, e também na compra de Pasadena. Essas comissões já concluíram os trabalhos.
No caso Pasadena, além de Gabrielli, foram responsabilizados o ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar depois de ter sido preso na Operação Lava Jato.
Os três também haviam sido responsabilizados pelo negócio no primeiro julgamento feito pelo TCU sobre o caso, em junho. O tribunal estuda se deve rever a responsabilidade de outros diretores, entre eles a atual presidente da estatal, Graça Foster, que não havia sido incluída no relatório inicial.
Em 2006, a Petrobras comprou 50% de Pasadena do grupo belga Astra, tendo pago US$ 360 milhões pela unidade e pelos estoques de petróleo. Em 2008, os dois sócios passaram a se desentender na administração do negócio e, depois, na Justiça.
A briga se arrastou por quatro anos. Para comprar a outra metade e encerrar a disputa, a Petrobras teve de pagar US$ 825,6 milhões.
Gabrielli presidiu a Petrobras de 2005 a 2012. Cerveró foi diretor de 2003 a 2008, e Costa, de 2004 a 2012.
Gerentes antigos e atuais da empresa também foram acusados de envolvimento nas irregularidades.
Os relatórios já concluídos serão encaminhados ao Ministério Público, ao TCU, à CGU (Controladoria Geral da União) e à Polícia Federal, que apuram o caso.
Outra comissão acaba de ser criada para analisar os negócios da estatal com a Toyo Setal, com quem tem contratos de R$ 4 bilhões.
A Toyo Setal foi citada por Costa em depoimentos à Justiça como integrante do esquema de corrupção. Dois de seus executivos aderiram à delação premiada.
Procurado, Gabrielli disse que só comentará a apuração interna da Petrobras quando for oficialmente informado pela empresa.
O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, disse discordar de que tenham ocorrido irregularidades em Pasadena e que a responsabilidade pelo negócio é do conselho de administração da companhia.
A Petrobras não se manifestou. Na Toyo Setal, ninguém foi localizado.