Escândalo na Petrobras
Cunhada de tesoureiro do PT recebeu R$ 110 mil da OAS, indica mensagem
Empreiteira não quis se pronunciar sobre a suspeita; Vaccari Neto não atendeu telefone celular
Se ficar comprovado, esse recebimento de dinheiro da OAS seria o primeiro elo das empresas com o PT
A Polícia Federal interceptou mensagem eletrônica que indica, segundo o Ministério Público Federal, que um representante da empreiteira OAS mandou entregar R$ 110 mil a Marice Corrêa Lima, cunhada do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, e ex-coordenadora administrativa do PT nacional.
O Ministério Público chegou a pedir a prisão preventiva de Marice, mas o juiz federal Sergio Moro indicou necessidade de cautela e não autorizou a prisão.
"Entendo que o fato deve ser melhor esclarecido, não havendo prova que justifique a prisão temporária dela. De todo modo, para fins investigatórios, autorizarei a medida menos gravosa de sua condução coercitiva para prestar depoimento", escreveu o juiz. Marice foi conduzida na quinta-feira (13) por policiais federais para prestar esclarecimento no inquérito da Operação Lava Jato.
A Folha tentou falar com Vaccari Neto nesta sexta (14) em seu telefone celular, sem sucesso. A OAS não quis se pronunciar sobre a suspeita em torno de Marice. Ela não foi localizada pela Folha.
Em 2005, em meio ao escândalo do mensalão, o então tesoureiro do partido, Delúbio Soares, confirmou ter orientado Marice a entregar R$ 1 milhão em espécie ao diretor comercial da empresa têxtil Coteminas, Eurípedes de Freitas, em 17 de maio de 2005, com recursos que pertenciam ao caixa dois do partido. O dinheiro foi entregue, segundo o tesoureiro, por Marice. O executivo da Coteminas confirmou depois que seus contatos no PT nacional eram Delúbio e Marice.
Ouvida pela Folha na época do escândalo do mensalão, Marice disse que não tinha "autorização nem autoridade para fazer isso".
Caso seja comprovado, o recebimento de recursos da OAS por Marice seria o primeiro elo concreto entre as empresas envolvidas no atual escândalo da Petrobras e Vaccari Neto. Durante depoimentos prestados em delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa havia dito ter tomando conhecimento de que Vaccari recebia, em nome do PT, recursos do esquema mantido por empreiteiras na Petrobras.
Segundo a representação feita pelo Ministério Público ao juiz Sergio Moro, que baseou a deflagração, ocorrida nesta sexta-feira (14), da nova fase da Operação Lava Jato, Marice recebeu os recursos em um apartamento no bairro de Bela Vista, em São Paulo, em dezembro de 2013. O dinheiro foi enviado por José Ricardo Nogueira Breghirolli a pedido de Youssef.