PT quer gestão Dilma mais presente em SP
Ao avaliar derrota da sigla no Estado, petistas propõem criação de uma agenda específica para recuperar imagem
Dirigentes estaduais do partido discutem as razões do desempenho pífio da candidatura Alexandre Padilha
Após a contundente derrota do PT em São Paulo --com o fraco resultado na disputa presidencial, o fiasco da candidatura Alexandre Padilha ao governo, a perda de uma vaga no Senado e a redução da bancada de deputados--, integrantes do partido deverão cobrar uma providência da presidente Dilma Rousseff.
Um grupo de petistas paulistas quer que o governo federal crie uma agenda específica para o Estado. E que comece a agir para afastar a ideia de que o PT só governa para o Norte e o Nordeste.
Membros da cúpula do PT de São Paulo avaliam que a legenda precisa atualizar o discurso, pois não dialoga com a realidade socioeconômica do Estado.
A ideia é explorar o que os petistas identificam como "recessão econômica em São Paulo" e responsabilizar o governo tucano de Geraldo Alckmin pelos danos.
Pesquisas encomendadas pelo PT mostram que parte do eleitorado beneficiado por programas do governo Lula não votou no partido em 2014 com justificativas como "o PT só cuida dos pobres e dos nordestinos, não de nós".
"Precisamos refundar o PT em São Paulo, senão estaremos mortos em 2018", resume um petista.
Lula é um dos entusiastas da reformulação e da reaproximação com bandeiras da esquerda, como defesa dos direitos humanos, a reforma agrária e a sustentabilidade.
O PT quer liderar uma frente de oposição a Alckmin formada por movimentos sociais, juventude e outros partidos ligados à esquerda, como o PSOL e o PC do B.
Nesse projeto, estariam envolvidos ministros paulistas até agora pouco atuantes nas políticas do Estado.
Esses temas estavam programados para a reunião do diretório paulista do PT neste sábado (15).
ERROS DE PADILHA
O fraco resultado de Padilha assustou os petistas. O ex-ministro da Saúde não chegou a 19% dos votos, abaixo do patamar de 30% que o PT costumava ter no Estado. Dilma também teve um desempenho ruim --cerca de 35% dos votos no Estado no segundo turno.
Além disso, Eduardo Suplicy não conseguiu a reeleição no Senado. E, em comparação a 2010 o PT perdeu 16 cadeiras na Câmara e 8 na Assembleia Legislativa.
No PT, avalia-se que Padilha, um candidato pouco conhecido, errou ao focar seu discurso na classe média, deixando de lado os tradicionais eleitores petistas, principalmente os da periferia da capital e da região metropolitana.
Há reclamações contra a coordenação da campanha, sob o presidente do PT-SP, Emidio de Souza, que não teria articulado bem com políticos e partidos aliados.
Outra avaliação crítica é em relação à oposição "apenas diplomática" e "resumida a emendas" na Assembleia Legislativa.
E pesou ainda, conforme avaliação interna, o desgaste gerado pelas denúncias de corrupção desde 2005, com o mensalão. As acusações, segundo eles, "corroeram" a imagem da sigla.
Padilha não deverá compor o novo governo Dilma. Por isso, seu protagonismo na reestruturação do PT paulista já foi definido por Lula.
O ex-presidente também aposta em nomes como o do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e do prefeito da capital, Fernando Haddad. Ambos, porém, precisam recuperar popularidade antes de serem chancelados como lideranças do partido no Estado.