Escândalo na Petrobras
Executivo diz ter pago R$ 8 mi a delatores
Vice-presidente da Mendes Júnior afirmou à PF que depositou o valor em contas de doleiro após ter sofrido extorsão
Na segunda-feira (17), diretor da Galvão Engenharia deu versão semelhante e também falou em extorsão
Em depoimento à Polícia Federal, o vice-presidente executivo da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, afirmou nesta terça-feira (18) ter pago R$ 8 milhões ao doleiro Alberto Youssef e ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
O motivo seria evitar represálias contra a empreiteira em contratos com a estatal.
As informações foram dadas por Marcelo Leonardo, advogado da Mendes Júnior, que acompanhou o depoimento na PF em Curitiba, onde o executivo está preso.
O montante, afirmou ele, foi depositado em contas de empresas de Youssef entre julho e setembro de 2011.
"Ele informou que conhecia Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef e que foi pressionado por eles a fazer um pagamento sob pena dos contratos antigos e futuros da empresa não terem andamento. Em razão dessa extorsão, eles fizeram um único pagamento para as empresas de Youssef", disse o advogado.
O advogado afirmou que seu cliente foi inicialmente apresentado a Youssef pelo deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010, e que o doleiro "exigia o dinheiro para o diretor da Petrobras".
Ainda de acordo com Leonardo, a extorsão era ligada a um contrato da Mendes Júnior com a Petrobras para obras na Refinaria Presidente Vargas (Repar), em Araucária, na região metropolitana de Curitiba.
Na segunda-feira, o diretor de óleo e gás da construtora Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, deu versão semelhante no seu depoimento. Segundo ele, a empresa aceitou pagar propina ao esquema do doleiro Youssef após ter sido ameaçada de represália em contratos já firmados com a Petrobras.
Procurado pela Folha, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse que a executiva anterior e atual do partido desconhecem o pagamento de propinas com participação de Janene. Ele afirmou que o financiamento das campanhas de 2010 e 2014 foram legais.
O advogado de Youssef, Antônio Figueiredo Basto, disse desconhecer o teor do depoimento de Mendes e não comentou o suposto pagamento de propina.
O advogado de Paulo Roberto Costa, João Mestieri, negou que seu cliente seja autor de extorsão contra a empreiteira Mendes Júnior.
"Repudio com veemência as alegações do executivo da Mendes Júnior. É pura fantasia", afirmou Mestieri.