Escândalo na Petrobras
Polícia Federal diz que errou ao citar diretor da Petrobras
Delegado Márcio Anselmo afirma que não há elementos contra José Cosenza
Ofício da PF divulgado ontem não nega, porém, que o ex-diretor Costa e o doleiro Youssef tenham citado Cosenza
A Polícia Federal informou nesta quarta-feira (19) ao juiz federal de Curitiba Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, que o nome do atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, apareceu por "erro material" nos depoimentos dos presos da sétima fase da operação como suposto beneficiário de vantagens ilícitas.
A PF informou que não há no inquérito até o momento "qualquer elemento que evidencie a participação do atual diretor no esquema de distribuição de vantagens ilícitas".
Em pelo menos cinco ocasiões no último final de semana, os delegados da PF responsáveis por tomar os depoimentos do executivos presos na sexta-feira fizeram perguntas nas quais afirmaram que o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef haviam revelado que Cosenza estava entre os beneficiários de "comissões".
Ao funcionário da OAS Construtora, José Ricardo Nogueira Breghirolli, a PF indagou: "Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef mencionaram a existência de pagamento de comissões pelas empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobras, tendo como beneficiários além deles próprios, os diretores Duque, Cerveró e Cosenza, bem como alguns agentes públicos". A mesma pergunta, com poucas variações, foi feita a outros quatro investigados.
O ofício da PF divulgado ontem não nega que o ex-diretor Costa e o doleiro Youssef tenham citado Cosenza em depoimentos realizados dentro dos acordos de delações premiadas que firmaram com o Ministério Público e a PF.
O ofício, assinado pelo delegado responsável pela Lava Jato no Paraná, Márcio Adriano Anselmo, afirmou que não há elementos contra Cosenza "nos autos", mas também não explicita se uma eventual citação ocorreu em outros processos ou inquéritos que correm paralelos ao procedimento que levou à prisão executivos de grandes empreiteiras.
O delegado da PF Márcio Anselmo afirmou: "Em relação ao quesito que figurou em alguns interrogatórios, por erro material, constou o nome de Cosenza em relação a eventuais beneficiários de vantagens ilícitas no âmbito da Petrobras. Em relação ao outro quesito em que se questiona se os investigados conhecem o mesmo, foi formulado apenas em razão do mesmo ter sucedido a Paulo Roberto Costa, área em que foram identificados os pagamentos, bem como por ter sido seu gerente executivo".
A resposta foi dada após questionamento do juiz Moro, que intimou a polícia a "esclarecer se, de fato, há alguma prova concreta nesse sentido".