Escândalo na Petrobras
Petista nega propina e põe sigilo à disposição
Humberto Costa, líder no Senado, foi acusado de receber R$ 1 milhão
Parlamentar foi citado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa; ordem no PT é manter defesa 'até o último momento'
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), rebateu neste domingo (23) a acusação de que teria recebido R$ 1 milhão do esquema de fraudes na Petrobras.
Em nota, o petista "nega veementemente ter pedido a quem quer que seja qualquer doação de campanha a Paulo Roberto Costa", ex-diretor de Abastecimento da estatal e delator do escândalo.
O senador disse ainda que que está "à disposição de todos os órgãos de investigação afetos a esse caso e, antecipadamente, disponibiliza a abertura de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico".
Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", Paulo Roberto disse à Justiça que o petista recebeu R$ 1 milhão do esquema, que teria sido solicitado pelo empresário Mário Barbosa Beltrão, presidente da Assimpra (Associação das Empresas do Estado de Pernambuco).
Paulo Roberto teria dito que a quantia saiu da cota de 1% do PP, mas não soube informar como ocorreu o repasse, que, segundo ele, foi confirmado pelo empresário.
O petista diz que "tal denúncia padece de consistência por não haver qualquer razão que justificasse o apoio financeiro de outro partido [PP] à minha campanha".
"Mais inverossímil ainda é a versão de que se Paulo Roberto não tivesse autorizado tal doação correria o risco de ser demitido, como se eu, à época sem mandato e tão somente candidato a uma vaga ao Senado, tivesse poder de causar a demissão de um diretor da Petrobras", concluiu.
O senador admite que conheceu o ex-diretor em 2004, mas diz que a relação com ele sempre foi institucional. Segundo ele, todas as doações da campanha em 2010 foram registradas na Justiça Eleitoral.
Na cúpula do PT, a ordem é proteger Humberto Costa "até o último momento".
A avaliação é que enquanto as acusações forem baseadas apenas em depoimentos, sem provas concretas, a legenda dará o suporte necessário para o senador se defender das acusações.
Nas conversas internas, petistas afirmam que se não houver provas de enriquecimento pessoal, a disposição é de não negar ajuda. Caso contrário, dizem, o tratamento será "severo", para evitar a pecha de conivência.