Escândalo na Petrobras
No STJ, ministros manifestam espanto com valor desviado
Tribunal negou nesta terça-feira (25), por unanimidade, pedido de liberdade feito por suspeito ligado a doleiro
Ministro Felix Fischer afirmou, durante o julgamento, que 'nenhum país viveu tamanha roubalheira'
Ministros da Quinta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) fizeram diversas críticas ao esquema de desvio de recursos na Petrobras durante um julgamento realizado nesta terça-feira (25).
No julgamento, os ministros negaram um pedido de liberdade feito por João Procópio de Almeida Prado, suspeito de gerenciar contas bancárias do doleiro Alberto Youssef no exterior.
Youssef, preso em março na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, é acusado de ser o operador de um esquema de lavagem de dinheiro que teria desviado recursos da Petrobras para partidos políticos e pagamento de propinas.
O desembargador Walter de Almeida Guilherme, que atua na condição de ministro convocado no STJ, demonstrou espanto com o volume de dinheiro que está sendo bloqueado e que envolvidos já admitiram ter no exterior.
"O que é isso? Em que país vivemos? Os bandidos perderam a noção das coisas! Como podem se apropriar desse montante?", indagou.
O ex-presidente do STJ, ministro Felix Fischer, também criticou a situação.
"Acho que nenhum outro país viveu tamanha roubalheira. Pelo valor das devoluções, algo gravíssimo aconteceu", afirmou.
CORAGEM
Durante o julgamento do pedido de habeas corpus, o relator do caso, Newton Trisotto, destacou que todo o processo legal deve ser seguido, garantindo a ampla defesa aos acusados.
De acordo com ele, em processos de grande envergadura, os juízes precisam ter coragem para atuar.
"Poucos momentos na história brasileira exigiram tanta coragem do juiz como esse que vivemos nos últimos anos. Coragem para punir os políticos e os economicamente fortes, coragem para absolvê-los quando não houver nos autos elementos para sustentar um decreto condenatório", disse.