Irmãos de ministro da Agricultura são acusados de fraude
Operação da Polícia Federal prendeu 22 pessoas acusadas de participar de esquema que tomava terras de pequenos agricultores
Dois irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, são acusados pela Polícia Federal de participação em um esquema de fraudes na concessão de lotes destinados à reforma agrária no Mato Grosso.
Mandados de prisão foram expedidos contra Odair e Milton Geller. Segundo a PF, a defesa dos dois disse que eles se entregariam ainda nesta quinta-feira (27), mas isso não tinha ocorrido até a conclusão desta edição.
A apuração faz parte da Operação Terra Prometida, deflagrada nesta quinta. Até o início da noite, pelo menos 22 pessoas haviam sido presas, conforme a PF.
Segundo as investigações, a quadrilha, formada por empresários e fazendeiros, se apossava de terras da União que constavam do mapa da reforma agrária. Com documentos falsos, vistorias simuladas e, em alguns casos, violência, elas tomavam as terras de pequenos produtores.
Empresas multinacionais e do agronegócio também teriam se beneficiado do esquema, passando a ocupar algumas áreas ilegalmente.
Servidores do Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária), de Câmaras Municipais e prefeituras atuavam no processo da fraude, que pode ter causado prejuízo de R$ 1 bilhão ao erário.
A operação também identificou integrantes da quadrilha no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Estima-se que 80 fazendeiros estejam envolvidos.
Os acusados poderão responder por crimes contra o meio ambiente, invasão de terras da União, falsidade ideológica, estelionato, corrupção passiva e ativa. Condenados, podem cumprir penas de até 12 anos de prisão.
O ministro Neri Geller afirmou, por meio de nota, "não acreditar" na participação de seus dois irmãos em irregularidades. Concluiu dizendo não manter "associação jurídica ou outro tipo de sociedade com os envolvidos".
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, afirmou que a operação da Polícia Federal contribui para investigações já iniciadas pelo próprio órgão: "Já são várias ações ajuizadas, algumas já tramitando no Poder Judiciário".
O presidente do Incra, Carlos Guedes, disse que os envolvidos ligados ao órgão serão afastados.