Pela 1ª vez, Alckmin diz que deve trocar comando da CPTM
Substituição é 'provável', afirmou o governador nesta terça (9); presidente da empresa foi indiciado pela PF
Mário Bandeira e diretor da companhia estão entre os 33 citados em inquérito sobre cartel de trens em SP
Após defender o presidente da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Mário Bandeira, das acusações de envolvimento no cartel de trens de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) admitiu, pela primeira vez, que deve trocar o comando da empresa.
"[A substituição] é provável", disse nesta terça-feira (9) durante a inauguração da reforma do obelisco, monumento em homenagem aos soldados da Revolução Constitucionalista de 1932, na região do parque Ibirapuera.
Bandeira foi indiciado pela Polícia Federal, na última quinta-feira (4), no inquérito que investigou esquema de fraude em licitações de trens entre 1998 e 2008, durante governos estaduais do PSDB. O diretor de operações da CPTM, José Luiz Lavorente, também foi citado.
"O doutor Mário Bandeira tem 41 anos de serviço público, é uma pessoa extremamente respeitada", disse o governador no sábado (6).
Segundo Alckmin, a substituição deve ocorrer após a conclusão das definições sobre a reforma do secretariado, prevista para a segunda metade do mês. "Estamos estudando primeiro as secretarias. Depois vamos ver as empresas", afirmou.
O governador atribuiu a troca na presidência da CPTM à renovação do mandato.
INDICIADOS
O presidente e o diretor da companhia são os únicos servidores públicos da lista de 33 nomes elaborada pela PF que ainda estão nos cargos.
Ambos são investigados por crime licitatório porque assinaram, em 2005, aditamento a um contrato com o consórcio Cofesbra, formado pelas companhias Alstom, CAF e Bombardier, firmado mais de 10 anos antes, para compra de 12 trens ao preço de R$ 223,5 milhões.
Concorrências públicas têm prazo de validade de cinco anos, de acordo com a legislação sobre licitações.
Em nota, Bandeira e Lavorente afirmaram que o aditamento foi "extremamente vantajoso à administração" e que o contrato firmado em 1995 ainda estava em andamento dez anos depois.
Após a divulgação da lista de indiciados pela PF, a Folha apurou que, antes da campanha eleitoral deste ano, o presidente da CPTM já sinalizava que pretendia deixar o comando da companhia em um eventual segundo mandato do tucano.
Entre os acusados no inquérito, aberto em 2008. estão ainda ex-diretores das empresas Siemens, Alstom, CAF, Bombardier, Daimler-Chrysler, Mitsui e TTrans.
Com o documento, o Ministério Público poderá pedir novas investigações, apresentar denúncia ou solicitar à Justiça que o caso seja arquivado.