Crimes da ditadura
Comissão cumpriu seu papel, diz Marinha
Comandante afirma que as três Forças esperam a orientação da presidente para tomar posição sobre o relatório
Em seu primeiro evento público com militares após a divulgação do relatório, Dilma não menciona o assunto
O comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, afirmou na tarde desta sexta-feira (12) que a Comissão Nacional da Verdade cumpriu seu papel e que a Marinha irá se debruçar sobre o relatório final, entregue ao governo na última quarta.
O almirante e os outros dois comandantes das Forças Armadas --o general do Exército Enzo Peri e o brigadeiro Juniti Saito, da Aeronáutica-- se encontraram pela primeira vez com a presidente Dilma Rousseff desde a divulgação do relatório durante a inauguração do estaleiro de construção de submarinos da Marinha em Itaguaí (RJ).
A presidente não se referiu ao relatório da Comissão Nacional da Verdade em seu discurso, mas defendeu o fortalecimento das Forças Armadas como forma de dissuasão e proteção das fronteiras.
Em entrevista coletiva após a solenidade e sem a presença da presidente, o almirante afirmou que os comandantes militares não conversaram com Dilma sobre o relatório. Segundo ele, as Forças Armadas irão aguardar a orientação do governo brasileiro para se posicionarem.
"O relatório foi entregue à presidente da República e as Forças Armadas estão aguardando exatamente o que ela disse que iria fazer, que iria se debruçar sobre o relatório. A partir do momento que ela fizer isso talvez saiam algumas orientações, algumas determinações", disse.
O almirante afirmou que a Marinha também irá examinar o relatório, mas não adiantou se alguma providência poderia ser tomada. "Vamos ler com detalhes, nos debruçar e aguardar a orientação que virá do governo."
O comandante da Marinha disse acreditar que a CNV cumpriu seu papel: "A Comissão Nacional da Verdade cumpriu o papel dela. Fez um relatório que não tivemos oportunidade de nos debruçar para poder analisar o que está escrito lá", afirmou.
Em seu discurso, Dilma havia dito que o fortalecimento das Forças Armadas é necessário mesmo sendo o Brasil um país pacífico: "Nossa capacidade de manter a paz será tanto maior quanto mais bem equipadas estiverem as nossas Forças Armadas e mais forte for a nossa indústria da defesa", disse.
O almirante Moura Neto foi questionado se havia preocupação com o fato de a Odebrecht, parceira da Marinha no empreendimento, estar sendo investigada. Ele respondeu que a Força irá aguardar os desdobramentos das investigações. O presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, participou da solenidade, mas não discursou.
A Marinha prevê entregar o primeiro de cinco submarinos convencionais em 2018.