Escândalo na Petrobrás
Auxiliar de doleiro fará delação, afirma revista
Segundo a 'Veja', Rafael Lopez entregava dinheiro em espécie a políticos
Citados, Collor, Vaccari e Roseana Sarney negam relação com Youssef e prática de irregularidades
Rafael Ângulo Lopez, auxiliar do doleiro Alberto Youssef encarregado de entregar pacotes de dinheiro a políticos, também está fechando um acordo de delação premiada com as autoridades que investigam os desvios de recursos da Petrobras, de acordo com reportagem de capa da revista "Veja" publicada neste sábado (13).
Segundo a publicação, Lopez possui registros de todas as operações que fez a mando do ex-chefe Youssef --um dos pivôs do escândalo e que já fez acordo de delação premiada com a Justiça.
Na lista de políticos que receberam dinheiro em espécie entregue por Lopez, diz a "Veja", estão o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL), a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Todos eles, que já foram citados nas investigações, negam ter participado de irregularidades.
A revista relata que Lopez, já denunciado pelo Ministério Público, acondicionava o dinheiro das entregas no corpo, fixando as camadas de notas com filme plástico e fita adesiva. Ele viajava por aeroportos do país --sempre segundo a publicação-- e nunca foi pego na fiscalização.
Segundo a reportagem, Collor recebeu R$ 50 mil em um apartamento no bairro da Bela Vista, em São Paulo.
O senador já havia sido citado nas investigações como destinatário de um depósito de R$ 50 mil de Youssef. Em manifestações anteriores, Collor negou conhecer o doleiro e irregularidades.
Já Roseana, segundo a "Veja", recebeu R$ 900 mil na sede do governo do Maranhão, intermediada por um auxiliar. Ela renunciou ao governo na quarta (10), alegando enfrentar problemas de saúde.
O nome da ex-governadora também já havia surgido no escândalo. Segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Roseana recebeu propina do esquema.
Ainda de acordo com a revista, o auxiliar registrou uma entrega de R$ 500 mil a Vaccari Neto, também investigado. Ela teria sido feita em 2012 em duas ocasiões, na sede do PT em São Paulo --uma de R$ 200 mil e outra de R$ 300 mil.
A reportagem também cita o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP), os deputados federais Luiz Argôlo (SD-BA) e Nelson Meurer (PP-PR) e o ex-deputado André Vargas (ex-PT-PR). Todos os nomes já tinham sido mencionados no escândalo.
A Secretaria Nacional de Finanças do PT afirmou que Vaccari nunca se encontrou com Lopez. "Lamentamos que denúncias sem provas sejam tomadas como verdadeiras", disse. Também reiterou que o tesoureiro não negociou doações à sigla com Youssef.
Meurer afirmou que não conhece e nunca esteve com Lopez, e que ele terá que provar na Justiça as acusações.
A Folha não conseguiu contato neste sábado com os demais citados. Em outras ocasiões, todos negaram qualquer participação em esquemas de desvio na estatal.
Procurado, Adriano Bretas, advogado de Lopez, disse que não comentaria.