Escândalo na Petrobras
Juiz torna réus ex-diretor da estatal e lobista ligado ao PMDB
Nestor Cerveró, que dirigia a área internacional da Petrobras, vai responder a uma ação penal
Com a decisão, subiu para 39 o número de réus em seis ações penais abertas pela Operação Lava Jato
O juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, acolheu nesta quarta-feira (17) denúncia do Ministério Público Federal e mandou abrir ação penal contra o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista Fernando Soares por corrupção e lavagem de dinheiro.
Com a decisão, subiu para 39 o número de réus em seis ações penais abertas em decorrência da sétima fase da Lava Jato, deflagrada no dia 14 de novembro e que tem como foco negócios de grandes empreiteiras com a Petrobras.
A abertura de ação penal não significa culpa, apenas o primeiro passo do processo, durante o qual o juiz ouvirá testemunhas e acusados apresentarão suas defesas.
Na decisão, Moro também tornou réu Julio Camargo, da empresa Toyo Setal, por corrupção ativa, lavagem de dinheiro, evasão fraudulenta de divisas e outros.
O doleiro Alberto Youssef também foi acusado de lavagem de dinheiro. Como Youssef e Camargo fizeram acordos de delação premiada, deverão ter suas penas reduzidas em caso de condenação.
Na decisão, Moro afirmou que o MPF reuniu "um número significativo de documentos que amparam as afirmações constantes nas denúncias", incluindo o envolvimento direto de Cerveró em contratações de navios-sondas e transações financeiras que representariam "atos de pagamento de propinas e de lavagem de dinheiro".
O juiz narra que Camargo, em julho de 2006, representando um estaleiro, fechou contrato com a Petrobras para o fornecimento de um navio para perfurações em águas profundas mediante o pagamento de "vantagem indevida" de US$ 15 milhões a Cerveró, com intermediação de Fernando Soares.
Segundo depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, Baiano era "operador" do PMDB. O lobista e a legenda negam o vínculo. Cerveró também refutou as acusações.
O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, disse que ele nega veementemente a prática desses crimes" e que a contratação questionada pelo MPF "foi aprovada pelas diretorias da Petrobras". "As contratações foram legítimas e regulares", disse Ribeiro.
O defensor de Fernando Soares, o advogado Mário de Oliveira Filho, afirmou que a denúncia do Ministério Público "é baseada em ilações". "Toda vez que se diz que alguém fez algo, é escrito que pode ser', tudo leva a crer'", disse o advogado.