Fome está presente em lares de 7,2 milhões de pessoas, diz IBGE
Parcela de domicílios em insegurança alimentar grave cai para 3,2%
A fome está presente em lares de 7,2 milhões de pessoas, apontou o suplemento de segurança alimentar da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgado nesta quinta (18) pelo IBGE.
O dado significa que pelo menos um integrante desses domicílios passou pela situação mais extrema de insegurança alimentar durante um dia nos últimos três meses.
Segundo o IBGE, insegurança grave é quando um membro da família passou um dia sem se alimentar por falta de dinheiro e crianças tiveram reduzida a quantidade de comida oferecida.
O país tinha, em 2013, 2,1 milhões de lares nessa condição, de um total de 65,4 milhões. O percentual caiu de 5% em 2009 para 3,2% em 2013. Em 2004, eram 6,9%.
A pesquisa, que coletou dados em setembro de 2013, perguntou em 148,7 mil domicílios se houve situações de insegurança alimentar nos três meses anteriores.
As cinco regiões do país apresentaram queda nos indicadores de insegurança e alta no percentual de segurança, que é quando a compra de comida não compromete outras necessidades básicas.
As piores situações estão no Maranhão e no Piauí, onde é pequena a distância entre a parcela da população que não passa risco de ficar sem comida para a que convive com alguma preocupação quanto à falta dela.
Domicílios em insegurança moderada ou grave no Maranhão são 23,7% do total. No Piauí, 19%. Em Pernambuco, por exemplo, esse dado é de 8,1% e em São Paulo, 3,6%.
BENS E SERVIÇOS
A insegurança grave caiu mais nas cidades do que no campo e ocorre mais em casas de famílias pequenas e de menor renda. A pesquisa mostrou ainda que as pessoas em algum grau de insegurança têm menos acesso a serviços básicos, como esgoto e rede de água, em relação a 2009.
Segundo o IBGE, em 10% dos lares com insegurança alimentar grave os moradores declaram ter computador com acesso à internet. Esse número avança para 88,4% quando o bem é a TV.
Para a pesquisadora Sônia Rocha, do Institutos de Estudo do Trabalho e Sociedade, alguns domicílios estão em situação de insegurança por escolha de consumo errada.
Geralmente, disse, diante de uma renda apertada, a família poupa nas despesas correntes, como a comida, entrando automaticamente na condição de insegurança, mas isso não significa dizer falta de alimentos ou fome.
A diarista Carmem Célia Nascimento Farias, 24, de São Luís, é uma das maranhenses que acordam sem saber se terão o que comer. Com a colega Francisca Eliane Batista da Silva, 30, ela chega a buscar alimento nos mangues.
Apesar de não fazerem três refeições por dia, elas têm celular. "Precisamos para entrar em contato com pessoas que querem contratar a gente para fazer lavagem ou faxina", disse Francisca.