Economia é foco de Dilma no Congresso
Petista agrada a base com ministérios para tocar votação de temas delicados, como valorização do salário mínimo
Outra prioridade é a prorrogação da DRU, mecanismo que permite gastar 20% das contribuições sociais
A estratégia da presidente Dilma Rousseff de lotear a composição dos ministérios entre aliados, para reforçar o controle de sua base no Congresso, tenta blindar a petista de potenciais turbulências políticas e econômicas na largada de seu novo governo.
A lista reúne os desdobramentos políticos do escândalo na Petrobras, uma definição sobre os conselhos populares e a reforma política.
A agenda econômica está repleta de temas delicados, como a prorrogação de um mecanismo que permite à União gastar livremente 20% das receitas de contribuições sociais (exceto previdenciárias), a chamada DRU (Desvinculação das Receitas da União), e até a política de valorização do salário mínimo.
A principal preocupação do Planalto é com o avanço da Operação Lava Jato, que apura os desvios na Petrobras. A ideia é evitar a adesão de aliados para a instalação de uma nova CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), o que ampliaria o desgaste da estatal e do governo.
A equipe de Dilma prefere restringir as investigações à Justiça para barrar o fortalecimento de um novo palco para a oposição.
CULTURA
Apesar de os deputados terem derrubado o decreto que incentivava a criação de conselhos populares, o texto ainda está travado no Senado.
No início do mês, o Ministério da Cultura enviou aos senadores pedido para suspenderem a tramitação. Governistas admitem que a proposta pode ser desengavetada diante de insatisfações na base.
O projeto que pede a derrubada do decreto está na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) com parecer favorável. O decreto estabelece diretrizes para criação dos conselhos e prevê que eles sejam ouvidos na formulação de políticas públicas.
Primeira promessa de Dilma após ser reeleita, a reforma política só deve sair se houver vontade do Congresso. A petista defendeu uma mudança no sistema político e acabou chamando para si, na avaliação de aliados, a responsabilidade sobre o desenrolar do tema, parado há mais de dez anos no Legislativo.
AJUSTE
Em meio a um ano econômico difícil, uma das prioridades será garantir a prorrogação da DRU no Congresso.
O Planalto também deve começar a discutir com os congressistas a nova política de valorização do salário mínimo. As regras atuais sobre os dois temas perdem a validade em dezembro de 2015.
As discussões devem começar logo em fevereiro, na posse do Congresso. A expectativa é de que a equipe econômica anuncie nas próximas semanas as primeiras medidas --algumas dependeriam do crivo do Legislativo.
Na tentativa de reconstruir pontes com os aliados no Congresso, Dilma distribuiu 11 ministérios entre PMDB, PSD, PRB, Pros, PTB e PC do B.
Turbinado após as eleições, passando de 10 para 21 deputados, o PRB inclusive já trabalha para ampliar a base da petista na Câmara.
O partido, que terá o Ministério do Esporte, tenta consolidar um bloco de 11 nanicos (PTN, PHS, PSL, PSDC, PRTB, PMN, PTC, PRP, PEN e PT do B), com 45 deputados.
Dilma deve deixar nesta segunda (29) a Base Naval de Aratu, na Bahia, onde descansa com a família, e voltar a Brasília para finalizar a formação do novo ministério.