Governo Alckmin anuncia saída do presidente da CPTM
Secretário de Transportes Metropolitanos diz que nome do sucessor de Mário Bandeira ainda não foi definido
Dirigente foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito que investiga fraudes em licitações de trens de 1998 a 2008
O presidente da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Mário Bandeira, deixará o cargo nos próximos dias, segundo o novo secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni.
Bandeira foi indiciado pela Polícia Federal em dezembro no inquérito que investigou esquema de fraude em licitações de trens entre 1998 e 2008, durante governos do PSDB. O diretor de operações da CPTM, José Luiz Lavorente, também foi citado.
Ambos são investigados por crime licitatório porque assinaram, em 2005, um aditamento a um contrato com o consórcio Cofesbra, formado pelas companhias Alstom, CAF e Bombardier, realizado mais de 10 anos antes, para compra de 12 trens ao preço de R$ 223,5 milhões.
A saída de Bandeira foi confirmada na manhã desta quinta-feira (8) pelo novo secretário de Transportes assim que ele assumiu o cargo. Bandeira, porém, deve continuar como presidente da empresa até que o novo nome seja escolhido, segundo Pelissioni.
"Estamos conversando com o governador com muita calma. Ainda não há uma definição [sobre o presidente]", disse o novo secretário.
Bandeira e Lavorente argumentam que o delegado responsável pelo inquérito ressaltou a "inexistência de prova de corrupção passiva" dos dois e que a honra deles não está sendo questionada. "Fomos indiciados por infração à lei nº 8.666, pelo intervalo de tempo entre o contrato Cofesbra, iniciado em 1997, e o aditamento realizado em 2005. Esse contrato não tem relação com os contratos investigados por suspeita de cartel", disseram em nota.
Ao final do inquérito sobre o cartel de empresas que fraudou licitações de trens em São Paulo, a PF indiciou 33 pessoas. Segundo a PF, as empresas acusadas pagavam propina aos servidores públicos para obter favorecimentos em licitações e contratos públicos.
O inquérito foi aberto em 2008, mas só ganhou impulso em 2013, quando a Siemens realizou uma delação premiada ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A multinacional alemã contou às autoridades que participou de um cartel com empresas do setor de trens e que o grupo fraudou licitações do Metrô e da CPTM durante os governos tucanos.
A apuração sobre o envolvimento de políticos no esquema foi desmembrada do inquérito e está no STF, em razão da regra do foro privilegiado para congressistas.