Ex-governadores deixaram dívidas de R$ 7,4 bi a rivais
Rodrigo Rollemberg diz ter assumido DF com caixa vazio; antecessor nega
Novos mandatários do Rio Grande do Sul e de Roraima decretam moratória e limitam os gastos
Oito governadores de oposição que assumiram neste mês as administrações estaduais herdaram mais de R$ 7,4 bilhões em dívidas deixadas pelos antecessores.
Contas com saldos exíguos --e até negativos-- e dificuldades para arcar com a folha de pagamento formam o cenário encontrado por quase todos os governantes, e muitos terão que recorrer a repasses federais para honrar os primeiros compromissos.
Outros, como os governadores do Rio Grande do Sul e de Roraima, suspenderam o pagamento de despesas da gestão anterior por 180 dias.
Os dados foram divulgados por metade dos 16 novos governadores que tomaram posse no dia 1° --13 deles se elegeram fazendo oposição aos mandatários que estavam no poder até 2014.
O levantamento não incluiu os 11 governadores reeleitos em outubro passado.
A situação financeira mais grave é a que Rodrigo Rollemberg (PSD) afirma ter encontrado no Distrito Federal.
As dívidas de pelo menos R$ 3,1 bilhões deixadas pelo antecessor, Agnelo Queiroz (PT), fizeram com que o novo governo pedisse ao Ministério da Fazenda a antecipação de R$ 400 milhões para ajudar a pagar a folha de pagamento da saúde, educação e segurança pública.
No Maranhão, a equipe de Flávio Dino (PC do B) divulgou nesta sexta (9) que a dívida deixada por Roseana Sarney (PMDB) supera R$ 1 bilhão. "O valor equivale a quase 10% do Orçamento do Estado para 2015", disse o secretário da Casa Civil, Marcelo Tavares, durante a apresentação dos números.
Ele anunciou o contingenciamento de 30% das despesas de custeio para economizar R$ 800 milhões neste ano. Essa cifra, no entanto, é menor do que os pagamentos que o governo terá que fazer neste mês, de R$ 893 milhões.
SUSPENSÃO
O primeiro decreto do novo governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), determinou a suspensão de pagamentos pendentes da gestão Tarso Genro (PT) por seis meses.
Eles somariam R$ 700 milhões segundo os dados preliminares que haviam sido divulgados pela equipe do peemedebista. Também foram limitados os gastos com passagens e diárias de servidores.
A moratória de seis meses no pagamento de dívidas do antecessor também foi anunciada por Suely Campos (PP), de Roraima.
No Tocantins, as heranças que o governador Marcelo Miranda (PMDB) reclama ter recebido de Sandoval Cardoso (PT) foram o pagamento de R$ 268 milhões da folha de dezembro e um saldo negativo em R$ 11 milhões na conta do tesouro estadual.
A situação levou o secretário de Articulação Política, Paulo Sidnei, a anunciar um cronograma de atrasos na remuneração dos servidores. O pagamento de dezembro deverá ser concluído até a próxima terça (13); a folha de janeiro será paga até 13 de fevereiro; e a de março, no dia 13 de abril.
Entre os governos que não informaram as despesas herdadas dos antecessores estão os de Bahia, Ceará e Pernambuco, Estados onde a eleição foi vencida pelo grupo político da situação.
O governo pernambucano, de Paulo Câmara (PSB), disse que os restos a pagar de 2014 ainda estão sendo contabilizados, mas afirmou que o Estado cumpre a Lei de Responsabilidade Fiscal e "está com as contas saneadas".
Em Minas Gerais, onde a oposição foi vitoriosa com Fernando Pimentel (PT), o governo informou que um "levantamento criterioso" da situação financeira está sendo feito pelos secretários e deve ser concluído em 90 dias.