Para seu vice, Alckmin é 'picolé de virtudes'
Em artigo, Márcio França lança governador ao Planalto em 2018 e insinua crítica a Aécio
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi "lançado" pré-candidato à Presidência em 2018 pelo próprio vice, Márcio França (PSB), de maneira inusitada. Em artigo publicado nesta sexta-feira (9), França define o tucano como um "picolé de virtudes" a quem o país poderia recorrer "depois desse período de turbulências".
O termo usado pelo vice é uma alusão ao apelido "picolé de chuchu" empregado pelo colunista da Folha José Simão numa alusão ao estilo pouco incisivo do governador.
No texto, publicado no jornal "A Tribuna", de Santos, França se dispõe a "explicar" o sucesso eleitoral de Alckmin, a quem desfia um novelo de elogios.
A Folha teve acesso à íntegra do material escrito por França. No original, além dos louvores a Alckmin, há uma provocação ao senador Aécio Neves (MG), que disputou o Planalto pelo PSDB em 2014.
No artigo, França diz que Alckmin "fez tudo certo" durante a eleição, se alinhando a partidos mais identificados com a esquerda. Por fim, atribui ao aliado a votação que Aécio alcançou no segundo turno da eleição presidencial entre os paulistas.
"[Alckmin] Renovou suas companhias partidárias com viés mais à esquerda e empurrou os conservadores para os adversários. Envelheceu os 'novos'", afirma.
No texto original, logo após esse trecho, o vice de Alckmin diz que o governador "deu show, ganhando com folga no primeiro turno". "Fez [José] Serra senador, as maiores bancadas do PSDB no Brasil, e, [deu] a Aécio, a maior vitória do país. Vai poder escolher música no Fantástico", escreveu.
Em seguida, o vice fala sobre o desempenho do último presidenciável tucano. "Aécio, desconfiado, havia pedido mais de uma vez: 'Me deem a vitória em São Paulo, que eu vos dou o Brasil'. Geraldo cumpriu o combinado com folga. Já o outro lado..."
Aécio teve 64% dos votos em São Paulo, mas perdeu em Minas. Nas duas versões, França escreve no fim do artigo que Alckmin deve ser lembrado em 2018.
"Depois desse período de turbulências, o povo brasileiro poderá estar à procura de estabilidade e retidão. Se isso acontecer, vai encontrar fácil o anestesista de Pinda, o marido apaixonado da Lu e o picolé de virtudes que se tornou governador pela quarta vez", conclui.