Em cima da hora mercado
Governo quer reforçar investimento, diz Levy
Ministro da Fazenda afirma, em Davos, que medidas econômicas pretendem aumentar a confiança no Brasil
Para Levy, eleições contribuíram para clima de desconfiança; ministro citou também reformas estruturais
"Após as eleições, decidimos mudar. A presidente decidiu começar este ano com ações para reforçar investimentos", disse o ministro Joaquim Levy (Fazenda), ao encerrar neste sábado (24) sua participação no Fórum Econômico Mundial.
No painel "Perspectivas para a Economia Global", Levy destacou que o Brasil foi em direção diferente à de outros emergentes. Criou milhões de empregos e tem agora uma das taxas de desemprego mais baixas da história, o que proporcionou muita inclusão social, observou.
"Nos últimos dois anos, esse processo começou a se desacelerar, em parte pela mudança nos preços das commodities."
O ministro afirmou que o crescimento do país foi ligado ao consumo e que agora busca mudar a demanda em direção a investimentos.
"Para ter investimento, é preciso ter confiança. Por isso, tomamos a decisão de adotar medidas para aumentar a confiança na economia", declarou, repetindo a palavra confiança, que usaria ainda outras vezes.
"Tivemos um declínio na confiança em parte porque tivemos eleições. A desaceleração da economia foi pela queda de investimentos."
As medidas tomadas foram classificadas por Levy como "muito tradicionais": "Reforçamos nosso ajuste fiscal com a meta de superavit de 1,2% neste ano e, no próximo ano, será um pouco mais."
O ministro citou também as reformas estruturais.
"Queremos o setor privado e para isso temos de assegurar que seja mais fácil fazer negócios no Brasil. Há muito o que fazer em impostos." Com mais investimentos, disse, será possível melhorar a educação.
Para Levy, o país reage com agilidade. "Se agirmos rapidamente, teremos uma rápida resposta", concluiu em debate mediado por Laurence Fink, CEO da BlackRock, com representantes do Banco Central Europeu e do FMI, além de presidentes dos bancos centrais da Inglaterra e do Japão.
A recuperação americana e a queda do petróleo serão benéficas para o Brasil, avaliou. Quanto à retomada dos EUA, Levy disse que a "acompanhamos com atenção", por mudanças de fluxos de capitais que possa gerar, e que é necessária uma "coordenação entre a política monetária dos EUA e as de outros países."